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18/10/2018
Seleção genética além da gordura e proteína: 4 características do leite para implantar no seu programa de melhoramento genético
por: Leonardo Maia - CRV Lagoa



No atual mercado do leite, em países como Estados Unidos e também na Europa, incrementar a receita do sistema através da produção tem uma elevada correlação com a quantidade de componentes e sólidos produzidos em quilos. No Brasil, há uma grande tendência desta filosofia se estabelecer em futuro próximo.

A herdabilidade mostra o quanto da característica é controlada pela genética do animal. Com a elevada herdabilidade do percentual de gordura e proteína, a seleção genética de animais superiores é uma das rotas que o produtor tem para aumentar a receita através da produção de leite. E é através da seleção genética que se prepara o rebanho para o futuro. Por isso, é importante prever as tendências do mercado do leite no futuro através de indicadores e fornecer informações sobre como a genética pode contribuir para a rentabilidade contínua dos produtores de leite.

Um desses indicadores, o leite A2 (A1 e A2 são variações de um tipo de proteína, geralmente denominada “caseína”, chamada beta-caseína, sendo a variante A1 o tipo mais comum), tem sido tema recorrente há vários anos no mercado lácteo, mas só recentemente foi apresentado ao produtor e ao consumidor através da mídia especializada.

O leite A2 é proveniente de uma variante genética que uma parte da população de animais carrega em sua constituição genética, e o aumento dos testes genômicos de fêmeas impulsionou o mercado comercial do A2, pois, desta forma, podemos selecionar os animais carreadores, criando, assim, um nicho de mercado pouco explorado e específico, muito ligado à necessidade global de produção crescente em produtos alimentícios premium, bem como uma demanda por alimentos mais diversificados e altamente nutritivos.

Se o leite A2 é o começo desta nova era para os produtos lácteos, então quais componentes poderiam compor ainda mais a tendência de produção de um leite premium e altamente nutritivo para o futuro? Esses componentes podem ser impulsionados pela seleção genética? O objetivo deste artigo é mostrar ao produtor alguns componentes do leite que podem se tornar uma realidade para a seleção genética de vacas leiteiras nos próximos anos.



1. CASEÍNA (KAPPA-CASEÍNA)



A proteína do leite tem em sua constituição cerca de 78% de caseína, que é o componente do leite usado para fazer queijo. Desta forma, quanto mais proteína total no leite maior a produção de queijo. Um aumento de 0,1% de proteína se traduz em cerca de 3% a mais de queijo por quilo de leite, sendo a caseína um dos principais contribuintes para este aumento de rendimento. Existem diferentes tipos de caseína e elas podem ser categorizadas nas seguintes categorias: caseína alfa-S1, caseína alfa-S2, beta caseína e kappa-caseína.

O percentual de caseína é a soma de todas essas categorias de caseína divididas pelo teor de proteína total no leite. Pesquisas mostram um componente genético na proporção de produção destes tipos de caseína. Algumas vacas produzem mais caseína em percentual do que outras, devido à sua predisposição genética. E, portanto, é viável a seleção para maior teor de caseína, através da seleção genômica de touros e vacas.

Os testes genômicos atuais retornam informação de três marcadores genéticos que afetam a quantidade de caseína dentro da proteína total produzida pelo animal de maneira específica. Já mencionamos um deles, beta-caseína, mas existem mais dois que são dignos de nota: kappa-caseína e beta-lactoglobulina.

Kappa-caseína

O marcador molecular que identificamos como kappa-caseína está localizado no cromossomo 6 do genoma bovino. Devido ao seu efeito sobre a kappa-caseína, este marcador genético afeta indiretamente a porcentagem de proteína e a coagulação do leite na fabricação de queijos, podendo determinar maior rendimento de produção do mesmo. Por este efeito na produção de proteína dos animais e de derivados do leite, as centrais de IA começaram a publicar os valores de kappa-caseína para os touros através dos testes genômicos.

A maioria dos animais terá o genótipo AA, AB ou BB para kappa-caseína. Vacas com o genótipo BB tem uma predisposição genética a produzir um maior teor de proteína que vacas com o genótipo AA. Além disso, a variante B tem um efeito positivo na coagulação do leite durante a fabricação de queijos.

Existe também uma variante kappa-caseína menos frequente, a E. É possível que um animal tenha um genótipo AE ou BE ou EE (aproximadamente 2 a 5% da população de animais da raça holandesa dos EUA). Embora não seja cientificamente comprovada, a variante E do leite tem sido relacionada a uma menor capacidade de coagulação do leite durante a fabricação de queijos.



2. SORO (BETA-LACTOGLOBULINA)



Embora a caseína represente 78% da proteína total do leite, outro componente proteico, o soro, tem grande importância. Existem duas proteínas principais do soro: beta-lactoglobulina e alfa-lactalbumina.

A beta-lactoglobulina vem ganhando atenção na indústria de lácteos devido ao seu considerável efeito sobre a porcentagem de caseína na proteína através de seu efeito sobre o soro de leite. Seu efeito é simples: menos soro é mais caseína. Uma vaca pode ter o genótipo AA, AB ou BB para o marcador genético, identificando os tipos de beta-lactoglobulina.

Cerca de 18% das vacas da raça Holandesa são AA, 49% AB e 32% BB para beta-lactoglobulina. Um estudo mostra que vacas com um genótipo BB têm cerca de 3% mais conteúdo total de caseína dentro de sua proteína total de leite do que vacas com o genótipo AA. AB situa-se entre a produção do genótipo BB e AA, com uma proporção de caseína-proteína 1,5% maior do que os animais AA.

Então, o que isso significa? Suponha que o rebanho tenha uma média de 87% de caseína na proteína total. A seleção genética e o acasalamento de animais com o genótipo BB para kappa-caseína e beta-lactoglobulina permitem um aumento de porcentagem de caseína na proteína total. Se a porcentagem de caseína aumentar para 89,5%, 3% a mais de queijo pode ser obtido a partir da mesma quantidade de leite, aumentando assim seu valor para quem fabrica queijos.



3. LACTOSE



Dentro da categoria "outros sólidos", a lactose é muitas vezes esquecida quando falamos sobre o aumento de componentes no leite. No entanto, 5,9% do volume de leite é composto por outros sólidos, tornando-os uma parte substancial da composição do leite, e a lactose é o maior elemento desta categoria. Importante para a produção de fórmulas infantis e produtos farmacêuticos, a lactose é um subproduto essencial da indústria de lácteos.

Como a lactose é o principal açúcar presente no leite, é também o principal regulador do teor de água no leite. Cada quilo de leite contém uma quantidade mais ou menos equivalente de lactose: 4,5%. Isso ocorre porque a lactose é a peça final da produção do leite pelo organismo da vaca.

A quantidade de lactose produzida por uma vaca controla a quantidade de sua produção de leite (por osmose). No entanto, a porcentagem de lactose dentro do leite está sujeita à variação genética, mesmo quando corrigida pelo mérito genético do volume de leite. A União Europeia introduziu um valor genético para a porcentagem de lactose em 2015, que permite aos produtores de leite produzirem uma maior quantidade de lactose, juntamente com gordura e proteína.

A produção de lactose tem uma herdabilidade de 55%, o que significa que é muito influenciada pela genética do animal. A porcentagem média de lactose no leite é de aproximadamente 4,6%, e as vacas da raça Holandesa mostram variações genéticas entre 4% e 5,5%, o que faz com que esta seja uma característica que pode ser melhorada através de estratégias de gestão genética.



4. NITROGÊNIO UREICO DO LEITE (NUL)



Não afeta a composição do leite, e nos EUA, o NUL é um indicativo de utilização de proteína bruta. Mas o NUL também tem um grande componente genético. Mede a quantidade de ureia no leite e é, portanto, indicativo de quão eficientemente uma vaca sintetiza proteínas. A herdabilidade do NUL é de 65%, maior do que a de gordura ou porcentagem de proteína, e, portanto, presta-se perfeitamente para seleção genética.

Como o valor do NUL tem relação com a eficiência alimentar, outras partes do mundo mostraram que a seleção para valores mais baixos de NUL pode ajudar quando as regulamentações ambientais sobre saturação de micronutrientes no solo existe, como no caso da Holanda.

Devido à relação direta entre a concentração de NUL e a quantidade de nitrogênio excretada por uma vaca, espera-se que uma redução na concentração de NUL por meio do acasalamento também leve a uma redução da quantidade de nitrogênio excretada na urina da vaca. Para tornar o sistema de produção lucrativo, o produtor precisa reduzir todas as ineficiências em um sistema, e o NUL pode ser considerado um componente que pode controlar múltiplas ineficiências na produção das vacas.

Traduzido e adaptado por Leonardo Maia do artigo original: BEYOND FAT AND PROTEIN: 4 MILK CHARACTERISTICS TO ADD TO YOUR BREEDING PROGRAM. DR. Sophie Eaglen, publicado na Progressive Dairyman, em 29 de junho de 2018.

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