Se a expansão da pecuária brasileira mantiver, pelos próximos 25 anos, o mesmo ritmo de evolução da produtividade observados nas últimas três décadas, as emissões de gases de efeito estufa por quilo de carne produzida devem cair aproximadamente 80%. É o que aponta um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), apresentado nesta tarde pelas entidades durante a COP30, a Cúpula do Clima das Nações Unidas, realizada em Belém (PA).
O cenário é apenas um dos quatro analisados na pesquisa, que aponta que o corte nas emissões poderia alcançar quase 93% no cenário mais otimista - considerando, neste caso, o cumprimento da meta brasileira de zerar o desmatamento até 2030, adotar integralmente práticas propostas no Plano ABC+ (de adaptação às mudanças do clima e baixas emissões de carbono na agropecuária) e incorporar técnicas como uso aditivos alimentares para redução de fermentação entérica e abate precoce.
O estudo reconhece que a pecuária de corte é responsável pela maior parcela das emissões do setor agropecuário, que por sua vez correspondem a 29% das emissões nacionais. As emissões de fermentação entérica dos animais equivalem a 64% dos gases de efeito estufa emitidos pela agropecuária, diz o estudo da Abiec, citando o Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima.
“A pecuária brasileira tem um papel central na agenda climática e um enorme potencial para contribuir com a descarbonização, liberando espaço nas metas do Brasil em relação ao Acordo de Paris”, disse Roberto Perosa, presidente da Abiec, em nota. “Isso é motivo de muito orgulho, mas também aumenta ainda mais a nossa responsabilidade, pois precisamos continuar a acelerar o caminho que já estamos percorrendo”, continuou.
Para o cenário base, com a redução mínima de emissões até 2050, a FGV considerou a continuidade do ritmo de crescimento da produtividade da pecuária, citando como exemplo uma expansão de 183% desde 1990, ao mesmo tempo em que a área ocupada com pastagens diminuiu 18%, segundo a Abiec.
No segundo cenário, que considera o cumprimento da meta do governo brasileiro de zerar o desmatamento até 2030, a redução nas emissões por quilo de carne produzida seria de 86,3%. Uma terceira projeção adiciona a adoção integral do Plano ABC+, em especial a recuperação de pastagens degradadas e a expansão de sistemas integrados, como o de lavoura e pecuária. Neste caso, o recuo das emissões poderia chegar a 91,6%. Já o quarto e mais otimista cenário, em que a redução das emissões chegaria a 92,6%, incorpora todos os itens anteriores e acrescenta o uso de técnicas zootécnicas.
Ainda conforme o estudo, se for considerado o balanço líquido de emissões da pecuária, o potencial de redução varia de 60,7% no cenário um a até 85,4% no cenário quatro.
Fonte: Globo Rural







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