O mercado brasileiro do boi gordo encerrou a semana apresentando preços firmes na maioria das regiões produtoras, informam as consultorias que acompanham diariamente o setor pecuário.
“Apesar da pressão que busca arrefecer o valor da arroba, a tentativa não vem alcançando os resultados esperados”, observam os analistas da Agrifatto.
Segundo a consultoria, os frigoríficos brasileiros operam de maneira cautelosa, praticando compras compassadas e privilegiando animais terminados oriundos tanto de confinamentos próprios quanto de parcerias com pecuaristas, por meio de contratos a termo.
“Mesmo assim, não há avanço significativo na extensão das escalas de abate, que permanecem em oito dias úteis, na média nacional, demonstrando um equilíbrio de oferta”, afirma a Agrifatto.
Nesta sexta-feira (3/10), a arroba do boi gordo (com ou sem padrão-China) foi negociada a R$ 310/@ em São Paulo, segundo os dados levantados pela Agrifatto.
Na média das 16 outras regiões monitoradas diariamente pela consultoria, o animal terminado está cotado em R$ 294,20/@.
“Pelo terceiro dia seguido, as 17 praças acompanhadas mantiveram seus preços estáveis, o que reforça a regularidade, a constância e a solidez do mercado, apesar das tentativas de pressão baixista exercidas pelos frigoríficos”, ressaltam os analistas.
De acordo com apuração dos analistas da Scot Consultoria, em São Paulo, parte dos frigoríficos exportadores optou por ficar fora das compras nesta sexta-feira, enquanto as indústrias que atuaram no mercado mantiveram os preços nos mesmos patamares de quinta-feira (2/10), mesmo com a menor oferta de bovinos.
Por sua vez, diz a Scot, os frigoríficos voltados ao mercado interno registram escalas de abate mais curtas, diante da menor disponibilidade de bovinos, reflexo da postura retraída dos pecuaristas em negociar nos preços vigentes.
Os números da Scot para o mercado paulista indicam um boi gordo “comum” em R$ 303/@, a vaca gorda em R$ 280/@, a novilha em R$ 292/@ e o “boi-China” em R$ 307/@ (todos os preços são brutos, no prazo).
Reação do mercado doméstico
Enquanto isso, no mercado da carne bovina, o cenário doméstico apresenta bom desempenho, informa a Agrifatto.
“Na primeira semana de outubro/25, o atacado registrou vendas expressivas, com toda a mercadoria absorvida rapidamente pelo mercado e negociações para entrega já na próxima terça-feira (em 07/10)”, relata a consultoria.
Segundo o Agrifatto, a maioria dos preços dos cortes foi reajustada positivamente, refletindo o bom ritmo da demanda interna.
Possível novo recorde nos embarques mensais
Paralelamente, continua a consultoria, as exportações de carne bovina in natura mantêm desempenho robusto, alcançando recordes mensais e contribuindo decisivamente para a manutenção dos preços da arroba em patamares elevados.
“A exportação segue com desempenho excepcional apesar do ‘tarifaço’ norte-americano”, destaca o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot.
Em setembro/25, considerando dados ainda parciais, o Brasil exportou volume recorde de carne in natura – 294,7 mil toneladas.
“Pela primeira vez na história deveremos exportar mais de 300 mil toneladas em único mês”, antecipa Fabbri, que aguarda os números oficiais do mês (setembro/25) que serão divulgados em breve pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Porém, diz ele, “pesa negativamente”, a cotação do dólar – em sua mínima nos últimos 13 meses –, “o que tirou espaço nas margens da indústria e, consequentemente, uma recuperação mais consistente no preço do boi gordo”.
Na opinião de Fabbri, no curto prazo, a cotação física da arroba poderá subir, conforme já ponta os preços dos contratos futuros negociados na B3.
Mas, diz Fabbri, requererá alguns pontos para isso: “a oferta de bovinos, que poderá diminuir de olho na estação de monta, uma apreciação do dólar ante o real, além de uma melhora na demanda interna com o começo de mês e o recebimento de salários”.
No mercado futuro, conforme mencionado acima, os preços do boi gordo seguem em alta. Na quinta-feira (2/10), o papel com vencimento em 31 de outubro/25 fechou o pregão da B3 em R$ 309,10/@, um avanço de 0,70% no comparativo diário.