Mercado de Carbono: CNA lança guia voltado ao produtor rural

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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) lançou, nesta terça-feira (29), um guia exclusivo sobre o mercado de carbono voltado aos produtores rurais. O material foi apresentado durante um seminário promovido pela entidade para debater o tema e está disponível gratuitamente no site da CNA.

O conteúdo foi estruturado em duas versões:

uma mais direta: ideal para produtores que desejam entender o básico sobre o mercado de carbono sem aprofundamentos técnicos,
outra mais completa: voltada tanto para agricultores quanto para estudantes e profissionais interessados em conhecer o funcionamento detalhado do sistema no Brasil.
O guia aborda as principais diferenças entre o mercado regulado e o mercado voluntário de carbono, explica as etapas necessárias para elaborar projetos de geração de créditos, apresenta metodologias usadas por certificadoras e traz uma seção com perguntas frequentes. Entre as dúvidas mais comuns estão questões como: é possível gerar créditos de carbono com áreas de Reserva Legal? Quais práticas do Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) podem ser convertidas em crédito?

De acordo com Amanda Roza, assessora técnica da CNA, o objetivo é preparar o produtor rural para aproveitar as oportunidades que estão surgindo. “A mensagem é para eles se prepararem e tirarem as dúvidas agora, para um mercado que está vindo aí e está sendo operacionalizado”, afirmou.

 

Inclusão de pequenos produtores no mercado de carbono ainda enfrenta desafios


A criação, em 2024, da lei que instituiu o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) foi um marco importante para o mercado regulado de crédito de carbono. Apesar disso, a maioria dos projetos da agropecuária ainda está inserida no mercado voluntário, que é mais antigo no Brasil e não é regido por essa nova legislação.

Continua depois da publicidadeUm dos principais desafios, tanto no mercado regulado quanto no voluntário, é a inclusão de pequenos e médios produtores rurais como geradores de crédito de carbono. O alto custo com certificação é uma das principais barreiras.

Pedro Neto, secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), afirmou que o governo busca soluções para democratizar esse acesso. “Como é um mercado voluntário, a porta de entrada é a certificação. Estamos pensando em formas de tornar esses mecanismos mais acessíveis, com tecnologias de produção que reduzam custos e permitam que produtores de menor porte participem. Ainda é uma reflexão inicial, mas em breve devemos ter possibilidades”, disse Neto

Uma das iniciativas que podem apoiar esse processo é a plataforma Agro Brasil + Sustentável, lançada no final de 2024. A terceira fase da ferramenta deverá incluir funcionalidades voltadas à mensuração e certificação de carbono.

Outro obstáculo é a escala dos projetos. A geração de crédito de carbono costuma exigir grandes áreas para alcançar volume suficiente. Para Amanda Roza, uma solução viável no momento é a formação de associações entre produtores. “É a alternativa que temos agora: reunir vários produtores com áreas pequenas ou médias para gerar juntos créditos em quantidade suficiente”, explicou.

 

Produtor rural que quiser aproveitar o mercado de carbono deve agir desde já


A criação do mercado regulado de carbono no Brasil deve aumentar a geração de créditos de carbono no campo. Mas, segundo especialistas, isso só deve acontecer de forma mais ampla entre três e cinco anos, já que ainda faltam definições importantes nas regras do sistema.

Mesmo assim, a Amanda recomenda que os produtores rurais comecem a se preparar desde já. Um dos motivos é o valor da tonelada de carbono — medida que corresponde a um crédito. Em 2024, o preço médio de um crédito gerado pela agropecuária era de US$ 6,51, considerado baixo. No entanto, a tendência é de alta, com expectativa de chegar a US$ 60, valor indicado como ideal para cumprir as metas do Acordo de Paris.

“O produtor que começar agora vai estar pronto quando o mercado aquecer. Esperar demais pode fazer perder o momento certo”, afirma.

Ela também lembra que os projetos levam tempo para sair do papel. Entre planejar, apresentar, registrar e certificar, são pelo menos sete etapas — e nenhuma delas é imediata.

Sobre o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), Roza destaca que o ano que vem será decisivo para o agro. Isso porque o setor poderá participar do sistema, e ainda existe a chance de converter créditos gerados no mercado voluntário para o regulado.

“A partir do fim de 2026, começa uma etapa importante: o credenciamento das metodologias. Só aí vamos saber quais práticas poderão gerar crédito no mercado regulado. O agro precisa estar atento e participar desse processo”, completou.


As informações são do Estadão, adaptadas pela equipe MilkPoint

 

02/05/2025

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