O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), registrou crescimento de 6,49% no primeiro trimestre de 2025 (Tabela 1). Esse bom desempenho é uma continuidade da tendência observada no quarto trimestre de 2024, quando ocorreu uma reversão da queda que vinha sendo registrada até o terceiro trimestre daquele ano. Pela perspectiva dos ramos do agronegócio, os cenários foram de avanço para o setor agrícola (5,59%) e para o pecuário (8,50%) no primeiro trimestre.
Pela perspectiva dos segmentos do setor, todos apresentaram crescimento do PIB no primeiro trimestre: insumos (4,45%); primário (10,0%); agroindústria (3,18%) e agrosserviços (6,27%).
Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação acumulada no período (%)

Fonte: Cepea/USP e CNA.
O desempenho dos insumos foi impulsionado pelos de base agrícola (7,24%), enquanto os de base pecuária apresentaram queda (-3,05%). Para os agrícolas, nas indústrias de fertilizantes, preços e a produção esperada impulsionaram o desempenho. Para defensivos e máquinas agrícolas, a projeção de expansão da produção impactou positivamente, uma vez que se observaram menores preços. Para a base pecuária, a queda se deve ao desempenho da indústria de ração, que foi impactada pela queda nos preços. Para a indústria de medicamentos para animais, espera-se estabilidade.
No caso do segmento primário agrícola, o crescimento de 10,78% do PIB foi impulsionado pela combinação da valorização dos preços e pelo aumento das produções esperadas de importantes commodities que compõem o segmento, como café, milho, soja e trigo, por exemplo. Já no segmento primário pecuário, a expansão de 8,58% do PIB decorreu do maior valor da produção esperado para o ano. Esse crescimento do valor da produção se deve ao avanço dos preços e à produção esperada, com destaque para a bovinocultura de corte e de leite, além de ovos e suinocultura.
Para o PIB do segmento agroindustrial, o avanço no trimestre (3,18%) decorreu do crescimento das agroindústrias de base agrícola (1,62%) e das de base pecuária (8,29%). Na indústria agrícola, o PIB avançou principalmente devido aos maiores preços (com destaque positivo para as indústrias de biocombustíveis e de café), apesar da estabilidade na produção industrial no trimestre. Na indústria pecuária, o PIB foi sustentado principalmente pelos maiores preços e, em menor medida, pela maior produção esperada.
Os resultados dos agrosserviços refletem os comportamentos dos segmentos a montante de cada ramo. No ramo agrícola, houve crescimento nos agrosserviços (4,66%), enquanto no ramo pecuário, o PIB dos agrosserviços avançou (9,65%), alinhado com os comportamentos observados dentro e fora da porteira.
Considerando os desempenhos do agronegócio, seus ramos e seus segmentos no primeiro trimestre, a Tabela 2 apresenta as estimativas dos valores monetários do PIB em 2025. Com base nesse desempenho parcial, o PIB do agronegócio brasileiro pode alcançar R$ 3,79 trilhões em 2025, sendo 2,57 trilhão no ramo agrícola e 1,22 trilhão no ramo pecuário (a preços do primeiro trimestre de 2025). Considerando essa projeção e o comportamento do PIB brasileiro no período, estima-se que a participação do setor economia fique próxima de 29,4% em 2025, acima dos 23,5% registrados em 2024.
Tabela 2. PIB do Agronegócio, seus ramos e segmentos (em R$ milhões do primeiro trimestre de 2025*)

Fonte: Cepea/USP e CNA. * Valores deflacionados pelo deflator implícito do PIB.
SEGMENTO DE INSUMOS: Insumos agrícolas impulsionam o crescimento do PIB do segmento
No primeiro trimestre de 2025, houve crescimento de 4,45% no PIB do segmento de insumos do agronegócio. Conforme a Tabela 1, o resultado reflete o desempenho das atividades do ramo agrícola, que apresentou avanço de 7,25% no período. Já no ramo pecuário, houve recuo de 3,05% no PIB do trimestre. A Tabela 3 exibe o resultado individual de cada atividade do segmento.
Para a indústria de fertilizantes e corretivos de solo, a projeção aponta para um crescimento significativo de 43,38%, impulsionado tanto pelo aumento de 18,74% nos preços reais, na comparação entre o primeiro trimestre de 2025 e o mesmo período de 2024, quanto pela expectativa de um crescimento de 20,75% na produção anual. No primeiro trimestre de 2025, a produção nacional de fertilizantes foi estimulada, segundo a ANDA, pela previsão de uma safra recorde, pela eficiente logística de transporte e pelo esforço das empresas em cumprir os prazos de entrega aos produtores. Em paralelo, os preços dos fertilizantes seguiram uma trajetória de alta, especialmente os macronutrientes à base de potássio e fosfatados, reflexo, em parte, da valorização do gás natural. Esse cenário impacta diretamente os custos de produção e as margens dos agricultores, cujos preços das commodities não acompanham o mesmo ritmo. A volatilidade no mercado internacional, agravada pela expectativa de retomada das exportações de ureia pela China e das importações pela Índia, gerou incertezas nos preços, o que pode comprometer o acesso dos agricultores aos fertilizantes. Diante disso, a redução do poder de compra dos produtores pode afetar negativamente o plantio da safra 2025/26.
Tabela 3. Insumos: variação (%) anual do volume, dos preços reais e do valor bruto da produção – 2025/2024 com informações até março

Fontes: Cepea/USP e CNA (a partir de dados do IBGE, IEA, Anda e Sindirações).
Para a indústria de defensivos, projeta-se um crescimento de 27,05% no valor bruto de produção, impulsionado pelo aumento de 38,70% na produção anual. No entanto, os preços reais, na comparação entre períodos iguais, registraram uma queda de 8,40%. De acordo com o Sindiveg, entre janeiro e março de 2025, a área tratada com defensivos agrícolas no Brasil cresceu em relação ao mesmo período de 2024, totalizando mais de 831 milhões de hectares, o que se pode atribuir, em alguma medida, à expansão da área cultivada de milho e soja, que foram as mais representativas na área tratada. Também houve crescimento do volume total de produtos utilizados no controle de pragas, doenças e plantas daninhas. No entanto, o faturamento do setor de defensivos apresentou retração, devido à queda nos preços dos produtos – o que contribuiu para o crescimento das vendas de defensivos – e à desvalorização do Real frente ao dólar, o que impactou negativamente a movimentação financeira do setor. Por outro lado, essa redução pode implicar a redução dos custos de produção dos agricultores e, consequentemente, o incremento da área tratada e aumento da produtividade.
Na indústria de máquinas agrícolas, projeta-se um crescimento de 10,14% no valor bruto da produção, impulsionado pelo aumento esperado de 16,60% na produção anual. Em contrapartida, os preços, em termos reais, apresentam uma queda de 5,54% na comparação entre trimestres iguais. O crescimento da produção é atribuído à recuperação da safra e à adoção de novas tecnologias, que refletem a alta demanda por equipamentos modernos, como tratores com sistemas de GPS e colheitadeiras automatizadas. No entanto, o setor prevê desafios devido às taxas de juros elevadas e às possíveis limitações no volume de recursos a serem disponibilizados pelo Plano Safra.
A indústria de rações é a única que apresenta uma projeção de queda de 14,11% no valor bruto de produção, refletindo uma redução de 17,57% nos preços reais na comparação entre trimestres iguais. No entanto, para a produção anual, espera-se um crescimento de 4,20%. O Sindirações estima que a produção anual de rações para animais aumente, impulsionada pela maior demanda das cadeias produtivas de proteínas animais. Com esse crescimento, a previsão é de que o setor consuma 60 milhões de toneladas de milho e 20 milhões de toneladas de farelo de soja, que juntos representam 70% dos custos da alimentação animal no Brasil. Apesar do crescimento projetado, desafios como a volatilidade dos preços dos insumos e as condições climáticas adversas podem impactar a produção ao longo do ano.
De maneira geral, o desempenho das atividades que compõem o segmento de insumos está ligado ao desempenho do segmento primário, cujas atividades serão analisadas em detalhes a seguir. No que diz respeito aos insumos agrícolas, observou-se uma queda nos preços reais de defensivos e máquinas agrícolas, o que pode indicar um alívio nos custos de produção para os agricultores, resultando, ceteris paribus, em uma melhoria nos termos de troca. Em contrapartida, os preços reais dos fertilizantes e corretivos de solo tiveram uma valorização significativa no período, o que, por sua vez, exerce pressão sobre as margens dos produtores. No que se refere aos insumos pecuários, especialmente as rações para animais, a redução nos preços pode trazer um alívio para as margens dos pecuaristas.
SEGMENTO PRIMÁRIO: Alta nos preços e expectativa de maior produção impulsionam os PIBs dos ramos agrícola e pecuário no primeiro trimestre de 2025
O PIB do segmento primário do agronegócio aumentou 10,0% no primeiro trimestre de 2025, refletindo os crescimentos de 10,78% no ramo da agricultura e de 8,58% no ramo da pecuária (Tabela 1). Tanto no ramo agrícola quanto no pecuário, os maiores preços de comercialização e a maior produção esperada de importantes culturas e atividades impulsionaram os PIBs de ambos os ramos.
Especificamente no segmento primário agrícola, considerando a média ponderada das culturas monitoradas, espera-se um avanço de 26,30% no valor bruto da produção anual, com preços médios 17,61% mais elevados no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o primeiro trimestre de 2024. Além disso, espera-se crescimento de 7,39% da produção. As maiores valorizações nos preços foram observadas em culturas como cacau, café, laranja, milho e trigo. Quanto à produção, as expansões mais significativas ocorreram no arroz, milho e soja.
No segmento primário pecuário, considerando a média ponderada das atividades acompanhadas, espera-se que o valor bruto da produção anual cresça 21,48%. Em média, os preços no primeiro trimestre de 2025 foram 18,27% superiores aos do mesmo trimestre de 2024, impulsionados principalmente pelos bovinos (para corte e para leite) e suínos. Em relação à produção, a média ponderada indica um avanço de 2,72%, com resultados positivos para todas as atividades acompanhadas.
A Tabela 4 detalha os resultados específicos do segmento por atividades agrícolas. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, espera-se crescimento do valor bruto da produção em 2025 para: algodão, cacau, café, fumo, laranja, mandioca, milho, soja, trigo, uva, madeira em tora e para celulose e lenha/carvão. Já as culturas para as quais se espera queda no valor bruto da produção são: arroz, banana, batata, cana-de-açúcar, feijão e tomate.
Com relação à cultura do algodão, espera-se estabilidade no valor bruto da produção anual, com variação de 0,36%, decorrente dos movimentos opostos de preços e produção. Em relação aos preços, observou-se uma queda de 4,86% na comparação entre os primeiros trimestres de 2024 e 2025, enquanto se espera um aumento de 5,48% na produção para o ano. Segundo a Conab, o crescimento da produção — que deve atingir um recorde — reflete a ampliação da área cultivada, impulsionada pela boa rentabilidade da cultura, ainda que se projete uma queda na produtividade. Segundo a equipe Algodão/Cepea, embora as cotações tenham apresentado certa estabilidade nos três primeiros meses de 2025, elas ficaram abaixo dos níveis observados no mesmo período de 2024. No trimestre, as negociações no mercado spot foram limitadas pela resistência dos vendedores, que estavam mais focados nas exportações devido à dificuldade de fechar negócios no mercado doméstico. A disputa entre compradores e vendedores, especialmente em relação ao preço e à qualidade dos lotes, dificultou a concretização das transações. Especificamente em março, os valores registraram pequenos avanços, elevando a média mensal ao maior patamar nominal em dois anos. A sustentação veio da posição firme dos vendedores durante a entressafra, com os agentes atentos à valorização nos contratos da Bolsa de Nova York (ICE Futures) e à alta do Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente). A equipe também destaca que o acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China pode aquecer a demanda externa pela pluma do Brasil, o que, por sua vez, pode ajudar a reduzir os elevados excedentes e, consequentemente, dar sustentação às cotações domésticas.
Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços reais e do valor bruto da produção – 2025/2024 com informações até março

Fontes: Cepea/USP e CNA (a partir de dados do IBGE, Conab, IEA/SP, Cepea, Seagri/BA, Epagri, Consecana).
Na cultura do café, espera-se expansão de 141,41% no valor bruto da produção, impulsionada principalmente pela elevação dos preços, que registraram um aumento real de 135,08% na comparação entre janeiro e março de 2024 e o mesmo período de 2025, além de uma projeção de produção anual 2,69% superior. Segundo a Conab, o aumento na produção é impulsionado principalmente pelo crescimento da produção de café conilon, já que se projeta uma redução na produção de café arábica. No caso do conilon, as condições climáticas em 2024 — que influenciam a safra atual — foram mais favoráveis do que na safra anterior, quando o clima afetou severamente a produtividade. No entanto, a área dedicada ao conilon foi reduzida. Já para o arábica, além da menor área cultivada, os dados indicam a influência dos efeitos da bienalidade negativa, que afeta a produtividade de quase todos os estados, resultando em uma produção inferior à de anos de bienalidade positiva. No que diz respeito aos preços, a equipe Café/Cepea destaca que, nos três primeiros meses de 2025, as cotações continuaram o movimento de alta observado em 2024, renovando recordes. Os baixos estoques do grão, tanto no Brasil quanto no mundo, têm impulsionado os valores. Além disso, a percepção dos agentes de que a safra brasileira de 2025/26 será pequena também reforçaram a sustentação das cotações.
No caso da laranja, o crescimento esperado para o valor bruto da produção (27,08%) é reflexo das altas nas cotações do produto na comparação entre trimestres iguais (21,65%) e da projeção de maior produção para o ano (4,46%). Segundo a equipe Hortifrúti/Cepea, apesar de os preços estarem acima dos observados no primeiro trimestre de 2024, em 2025 eles têm apresentado uma trajetória de queda. Esse comportamento está relacionado à baixa qualidade e ao rendimento aquém do ideal, o que tem pressionado os valores da fruta in natura e para a indústria. Além disso, março foi marcado por forte calor, o que favoreceu a propagação do greening, podendo ter causado uma colheita mais heterogênea e diminuído a qualidade.
Em relação ao milho, a projeção de expansão de 22,58% no valor bruto da produção é consequência do crescimento de 11,58% nos preços reais, na comparação entre os primeiros trimestres de 2024 e 2025, e do aumento de 9,85% na produção anual esperada. Segundo a Conab, a expectativa de maior produção decorre tanto do aumento da área destinada à cultura, com destaque para a segunda safra, quanto da maior produtividade esperada. Para a primeira safra, o aumento da produção está relacionado à projeção de melhor rendimento médio, uma vez que a área destinada à cultura foi reduzida em importantes estados produtores. Vale destacar que esta é a menor área semeada com milho verão de toda a série histórica da Conab, iniciada na safra 1976/77. No caso da segunda safra, a maior produção esperada resulta da previsão de aumento tanto da área destinada à cultura quanto da produtividade. No entanto, para a terceira safra, apesar da projeção de crescimento da área, espera-se uma redução na produção devido ao menor rendimento da cultura. No que diz respeito aos preços, a equipe Milho/Cepea aponta que, no primeiro trimestre de 2025, as cotações apresentaram forte alta, impulsionadas pela demanda aquecida e pela baixa disponibilidade do cereal. Os vendedores passaram a priorizar a entrega dos lotes negociados antecipadamente, especialmente os de soja, devido à maior oferta da oleaginosa em razão do avanço da colheita. Esse cenário, combinado com dificuldades logísticas e preços elevados de transporte, manteve as cotações em alta. Além disso, os estoques limitados também ajudaram a sustentar os preços no mercado interno.
Para a soja, o crescimento projetado no valor bruto da produção é de 16,97%, resultado de uma produção esperada 13,96% maior e de um aumento de 2,65% nos preços reais, na comparação entre janeiro a março de 2024 e 2025. Segundo a Conab, a expansão na produção é atribuída tanto aos maiores rendimentos da cultura quanto ao aumento da área destinada à sua produção. Os melhores rendimentos são resultado de condições climáticas favoráveis e do alto grau de profissionalismo dos produtores, que têm adotado e utilizado tecnologias de forma crescente. A Companhia afirma que a safra 2024/25 está se confirmando como a maior já registrada na história do país. Quanto aos preços, apesar de operarem acima dos registrados no primeiro trimestre de 2024, a equipe Soja/Cepea observou que o avanço das colheitas no Brasil pressionou as cotações nacionais. A intensificação da colheita aumentou a liquidez do mercado spot e impulsionou os negócios a termo para entregas futuras. No entanto, as comercializações foram limitadas pela cautela dos consumidores, que, baseados nas perspectivas de uma safra recorde, apostaram em quedas mais acentuadas nos preços. Em março, as negociações de soja se intensificaram, impulsionadas pela maior demanda externa e pela maior oferta no mercado spot nacional. Nesse período, o consumo global se voltou para o Brasil, dada a elevada disponibilidade no País. Além disso, a procura internacional foi influenciada pelas tarifas divulgadas pelo governo norte-americano. Esse aumento da demanda externa fez com que os prêmios de exportação da soja brasileira atingissem os maiores patamares desde 2022. Como resultado, os produtores nacionais aproveitaram a valorização da commodity para intensificar as vendas no spot nacional, o que, por sua vez, impulsionou as exportações brasileiras. A equipe também destaca que, no lado da demanda, as políticas nacionais que incentivam a maior mistura de biodiesel ao óleo diesel devem aumentar a procura pelo grão para processamento interno. No mercado externo, a forte valorização do dólar frente ao Real torna a soja brasileira mais atrativa para os compradores internacionais, o que tende a impulsionar ainda mais as exportações.
No caso do trigo, o crescimento esperado de 14,86% no valor bruto da produção é explicado pelos preços mais elevados na comparação entre janeiro a março de 2024 e 2025 (9,77%) e pela projeção de aumento na produção (4,64%). Segundo a Conab, esse aumento na produção decorre da expectativa de maior produtividade, apesar da previsão de redução da área cultivada, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul e, em particular, no Paraná. No Rio Grande do Sul, a incerteza no plantio é influenciada por fatores como rentabilidade, crédito e limitações nos seguros agrícolas. Já no Paraná, a diminuição da área cultivada é principalmente atribuída ao desestímulo dos produtores, que enfrentam baixos preços nas últimas safras e uma produtividade aquém do potencial. Além disso, os elevados custos de produção, especialmente com seguros agrícolas, as frustrações recentes com a cultura e o aumento da área destinada à segunda safra de milho também contribuem para essa redução. Em relação aos preços, a equipe Trigo/Cepea destaca que 2025 começou com menor disponibilidade de trigo no mercado interno, o que impulsionou as cotações nos primeiros meses do ano. De forma geral, além do período de entressafra, as cotações foram impulsionadas pela retração dos vendedores, que aguardam novas altas nos preços, e pela valorização externa. Esse cenário, combinado aos elevados volumes importados nos meses anteriores, manteve a liquidez doméstica baixa. Ademais, os compradores concentraram-se na busca por lotes de qualidade superior.
Na cultura do arroz, a queda esperada no valor bruto da produção (-12,24%) está relacionada às menores cotações do produto (-23,54%) na comparação entre janeiro a março de 2024 e 2025, apesar da projeção de maior produção anual (14,78%). Segundo a Conab, o avanço esperado na produção é resultado do aumento da área a ser cultivada, tanto de arroz irrigado quanto de sequeiro, e da projeção de maior rendimento médio da cultura na safra atual. Conforme a equipe Arroz/Cepea, os preços do arroz sofreram queda acentuada no primeiro trimestre de 2025, pressionados pelo avanço da colheita, pela expectativa de maior oferta ao longo da temporada e pela baixa liquidez nas negociações. A resistência entre compradores e vendedores gerou oscilações nos preços, com os produtores cedendo gradualmente devido à necessidade de caixa para cobrir despesas e liquidar estoques remanescentes. À medida que a nova safra entrou no mercado, a oferta do cereal aumentou, intensificando a queda das cotações. Além disso, o setor de vendas do produto acabado enfrentou pressão tanto do atacado quanto do varejo, com dificuldades para repassar os aumentos de preço, o que resultou em uma demanda ainda mais baixa. O cenário geral foi marcado pela predominância das negociações spot, com margens reduzidas para os agentes envolvidos, especialmente devido aos altos custos operacionais desta safra.
No caso da banana, a retração esperada no valor bruto da produção real (-33,30%) é explicada pelos menores preços reais (-35,08%) na comparação entre períodos iguais, uma vez que se projeta maior produção para 2025 (2,74%). De acordo com a equipe Hortifrúti/Cepea, os dois primeiros meses do ano foram marcados pelo aumento na oferta. Esse comportamento, observado desde meados de dezembro, está relacionado ao calor, que acelera a maturação da fruta. Assim, com a baixa demanda (principalmente devido às férias escolares), os preços da fruta recuaram. No entanto, em março, a oferta de banana começou a diminuir, enquanto a demanda se manteve firme, o que favoreceu o aumento dos preços.
Quanto à batata, o menor valor bruto da produção real esperado (-75,87%) é atribuído aos preços reais menores (-75,92%) na comparação entre o primeiro trimestre de 2024 e 2025, uma vez que se projeta estabilidade na produção (0,20%). De acordo com a equipe Hortifrúti/Cepea, houve uma tendência de queda nos preços no primeiro trimestre de 2025, refletindo o avanço da safra das águas. Nesse período, ocorreram aumentos pontuais nos preços, especialmente durante as chuvas, que dificultam a colheita. Alguns bataticultores, devido ao excesso de oferta, tentaram segurar a produção, na expectativa de uma melhor remuneração. A equipe destacou que, durante esse período, os preços ficaram abaixo dos custos de produção.
No caso da cana-de-açúcar, a redução projetada no valor bruto da produção para 2025 (-9,53%) é explicada pela queda na produção esperada (-2,00%) e pelos menores preços (-7,69%) na comparação entre os períodos. Segundo a Conab, a menor produção é atribuída às condições climáticas desfavoráveis durante as fases de desenvolvimento das lavouras em 2024, especialmente em São Paulo, onde, além das baixas precipitações e altas temperaturas, foram registrados focos de incêndios que afetaram parte dos canaviais.
Para o tomate, a projeção é de uma queda de 23,43% no valor bruto da produção, considerando os dados até março. Essa redução é atribuída aos preços reais, que estavam 24,16% menores em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, devido à previsão de estabilidade na produção anual, com um modesto aumento de 0,96%. Segundo a equipe Hortifrúti/Cepea, embora os preços estejam abaixo dos registrados no início de 2024, no primeiro trimestre de 2025 foi observado um avanço nos valores, impulsionado pela menor produtividade em algumas regiões e pela redução da oferta, à medida que as áreas produtoras da safra de verão se aproximaram do fim. Em março, essa menor disponibilidade foi ainda mais acentuada pelas altas temperaturas de fevereiro, que anteciparam a maturação de muitos frutos, concentrando a oferta em um período mais curto.
Na Tabela 5 constam as dinâmicas observadas para o segmento primário do ramo da pecuária. Considerados dados até março, as projeções indicam variações positivas do valor bruto de produção de todas as atividades acompanhadas pelo Cepea. A seguir, apresentamse as análises detalhadas de cada atividade do segmento.
Tabela 5. Pecuária: Variação (%) anual do volume, dos preços reais e do valor bruto da produção - 2025/2024 com informações até março

Fonte: Cepea/USP e CNA (a partir de dados do Cepea e IBGE).
Na bovinocultura de corte, projeta-se um crescimento expressivo de 26,01% do valor bruto de produção, impulsionado principalmente pela elevação dos preços reais, que aumentaram 24,55% na comparação entre trimestres equivalentes. A produção estimada para 2025 é 1,17% superior à registrada em 2024. Os preços iniciaram o ano em patamares elevados, mantendo a tendência observada desde o terceiro trimestre do ano anterior. Isso resultou em médias mais altas no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, que foi marcado pela degradação das pastagens e pelo aumento dos abates. No entanto, ao longo dos primeiros meses deste ano, os preços recuaram, principalmente devido ao aumento da oferta de fêmeas (vacas e novilhas), como aponta a equipe Boi/Cepea. Esse fator, em partes, deve explicar a continuidade da expansão da produção em 2025, embora em um ritmo mais moderado do que o observado no ano anterior. Além disso, a produção no campo continuará sendo influenciada por fatores climáticos, que têm sido mitigados por processos de tecnificação da produção a pasto, bem como pelos custos de produção e os preços de venda. No mercado externo, as exportações devem seguir aquecidas, o que também contribui para a sustentação dos preços internos. Em março, as vendas de carne bovina in natura atingiram um recorde para o mês, com aproximadamente 215,43 mil toneladas embarcadas, segundo dados da Secex.
Na bovinocultura leiteira, projeta-se um crescimento de 19,62% no valor bruto da produção, impulsionado por um aumento de 15,46% nos preços reais, na comparação entre trimestres iguais, e por uma expansão de 3,61% na produção anual. A valorização dos preços do leite ao produtor decorreu do enfraquecimento da oferta, frente à manutenção da demanda, o que intensificou a competição entre as indústrias pela compra da matéria-prima. Esse movimento foi acentuado ao longo do trimestre devido a adversidades climáticas, como o clima seco e o calor intenso, além do aumento dos custos de produção. A aproximação da entressafra nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, por sua vez, tende a reduzir naturalmente a disponibilidade de leite no campo, impactando diretamente os preços pagos ao produtor. No entanto, a equipe Leite/Cepea aponta que, neste ano, a oferta de leite cru deverá se manter relativamente estável em comparação aos anos anteriores, em razão dos investimentos realizados nos ciclos passados, que resultaram em melhorias na qualidade da silagem e em uma maior captação de leite durante a entressafra. Ao final do trimestre, a demanda começou a apresentar sinais de desaceleração, refletindo o comportamento da cadeia produtiva em resposta à alta nos preços, o que provavelmente levará a uma redução nos preços nos próximos meses.
Na avicultura de corte, a projeção aponta para um crescimento de 2,72% do valor bruto de produção, refletindo o aumento esperado de 2,50% na produção anual, visto que, para os preços reais, houve estabilidade na comparação entre trimestres iguais, com ligeira variação positiva de 0,22%. Nos primeiros meses do ano, os preços mostraram comportamentos distintos entre as diferentes praças monitoradas pelo Cepea, com variações positivas influenciadas pelo bom desempenho das exportações ou quedas modestas ou estabilidade nas cotações devido à demanda desaquecida. Nas praças da Região Sul, um importante polo exportador de carne avícola, os preços foram sustentados pelo alto volume de exportações realizadas no período. No início de 2025, as estimativas da equipe Frango/Cepea indicavam crescimento para a produção avícola nacional, embora alertassem para desafios potenciais, incluindo questões relacionadas à biossegurança. Em maio, foi confirmado o primeiro foco de Influenza aviária de alta patogenicidade em uma granja de galinhas matrizes no Rio Grande do Sul, que fornece material genético para avicultores de todo o país. Esse acontecimento deve impactar as previsões, de modo que as estimativas dos próximos relatórios deverão apresentar variações consideráveis.
Por fim, na suinocultura projeta-se importante crescimento de 26,38% do valor bruto de produção, impulsionado principalmente pela valorização real de 23,57% dos preços na comparação entre trimestres iguais. Para a produção anual é esperado crescimento de 2,28%. Em janeiro, as vendas ficaram abaixo do esperado, um comportamento típico do início do ano devido ao enfraquecimento do poder de compra do consumidor, causado pelas despesas extras do período e pelas férias escolares, o que resultou em queda nos preços. Em fevereiro, os preços do suíno vivo registraram um forte crescimento, alcançando recordes históricos, impulsionados pela baixa disponibilidade de animais, especialmente aqueles com peso ideal para abate. Já em março, apesar da queda nos preços em relação a fevereiro, a média mensal ainda permaneceu consideravelmente acima do nível de março de 2024. O excesso de oferta de animais frente à demanda dos frigoríficos pressionou os preços para baixo. Ao longo do trimestre, houve sucessivos recordes mensais do volume de exportação de produtos suínos. Notavelmente, as Filipinas se destacaram como o principal destino das carnes suínas brasileiras - posto antes ocupado pela China.
SEGMENTO INDUSTRIAL: Agroindústria cresceu no primeiro trimestre de 2025, impulsionada pelo aumento nos preços
O PIB do segmento agroindustrial do agronegócio avançou 3,18% no primeiro trimestre de 2025. Esse resultado foi impulsionado pelo desempenho positivo das agroindústrias do setor agrícola, cujo PIB cresceu 1,62%, e pelas agroindústrias de base pecuária, que registraram um avanço de 8,29% (Tabela 1).
O avanço no PIB das indústrias agrícola e pecuária é atribuído principalmente aos maiores preços dos produtos industriais, embora também tenha sido observado um aumento na produção. No ramo agrícola, o valor bruto da produção anual cresceu 5,58%, refletindo preços médios 4,77% maiores e um incremento de 0,77% na produção. Já no ramo pecuário, o valor bruto da produção avançou 18,83%, impulsionado por aumentos de 1,04% na produção e de 17,61% nos preços.
No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, apenas algumas indústrias de base agrícola registraram crescimento no valor bruto da produção em 2025: biocombustíveis, indústria do café, celulose e papel, têxteis, vestuário, óleos vegetais, outros produtos alimentares e produtos e móveis de madeira. Em contrapartida, as indústrias de açúcar, bebidas, produtos do fumo, moagem e fabricação de amiláceos, além de conservas de frutas, legumes e outros vegetais, apresentaram queda no valor bruto da produção (Tabela 6).
Em relação à produção de biocombustíveis, a previsão de avanço de 25,81% no valor bruto da produção resulta do crescimento de 27,09% nos preços reais, na comparação entre os períodos de janeiro a março de 2024 e 2025, embora se espere uma queda de 1,01% na produção anual. De acordo com a Conab, as primeiras estimativas nacionais indicam uma diminuição na produção total de cana-de-açúcar em comparação com a temporada anterior. Com essa oferta reduzida de matéria-prima e com a menor competitividade do biocombustível em relação ao açúcar, estima-se uma diminuição no volume total de etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. No entanto, projeta-se um aumento de 11,0% na produção de etanol de milho. Segundo a equipe Etanol/Cepea, os preços dos etanóis subiram no primeiro trimestre de 2025, impulsionados pela demanda aquecida, devido à boa vantagem competitiva do biocombustível nas bombas.
Para a indústria de óleos vegetais, o avanço esperado no valor bruto da produção (3,48%) reflete os maiores preços reais (1,95%) na comparação entre o primeiro trimestre de 2024 e 2025, além da projeção de crescimento na produção anual (1,50%). Segundo a equipe Soja/Cepea, os preços do derivado da oleaginosa oscilaram nos primeiros meses do ano. Em fevereiro, os preços recuaram devido à cautela dos compradores domésticos e externos nas negociações de grandes lotes. Em março, por sua vez, as cotações subiram ligeiramente, refletindo a forte demanda no início do mês, tanto para o setor alimentício quanto para a indústria de biocombustíveis.
Tabela 6. Agroindústrias de base agrícola: variação (%) anual do volume, dos preços reais e do valor bruto da produção - 2025/2024 com informações até março

Fontes: Cepea/USP e CNA (a partir de dados Cepea, IBGE e Conab).
No caso do açúcar, a previsão de uma modesta queda de 0,35% no valor bruto da produção resulta da diminuição de 4,17% nos preços reais, na comparação entre os períodos de janeiro a março de 2024 e 2025, e do aumento esperado de 3,98% na produção anual. Segundo a Conab, apesar da menor oferta de cana-de-açúcar em comparação com a safra anterior, espera-se manter uma maior destinação do ATR para a produção de açúcar em relação ao etanol. Isso se deve à maior competitividade do produto brasileiro no mercado internacional, impulsionada pela redução na oferta dos grandes produtores e exportadores globais. Quanto aos preços, a equipe Açúcar/Cepea aponta que, no primeiro trimestre, as cotações seguiram em queda no mercado spot do estado de São Paulo. No entanto, em março, no final da entressafra 2024/25 no mercado spot paulista, os preços apresentaram oscilações expressivas. A escassez do Icumsa 150 elevou as cotações, com usinas cobrando mais e compradores aceitando pagar valores superiores. Já o Icumsa 180, mais disponível, teve preços menores. Essa diferença de oferta entre os tipos de açúcar impactou diretamente as variações diárias das cotações. Adicionalmente, a demanda esteve fraca, com alguns compradores buscando negociar apenas quando os preços estavam mais atrativos.
A Tabela 7 apresenta as dinâmicas observadas para as atividades que compõem o segmento agroindustrial de base pecuária. Dentre as atividades, apenas a indústria de couro e calçados apresentou projeção de queda do valor bruto da produção para este ano.
Tabela 7. Agroindústrias de base pecuária: variação (%) anual do volume, dos preços reais e do valor bruto da produção - 2025/2024 com informações até março

Fontes: Cepea/USP e CNA (a partir de dados Cepea e IBGE).
Na indústria de abate e preparação de carnes e pescado, espera-se um crescimento de 23,38% no valor bruto de produção, resultante do aumento esperado de 1,64% na produção anual e, principalmente, da valorização dos preços reais, que registraram alta de 21,45% na comparação entre trimestres iguais. Como reflexo do comportamento observado nas atividades dentro da porteira, o mercado de carnes manteve valores consideravelmente mais elevados no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, embora tenha apresentado movimentos oscilantes ao longo dos meses. No mercado de carne bovina, o período foi marcado pelo aumento da oferta de vacas para abate, acompanhado pela pressão dos atacadistas para a redução dos preços, visando repassar as quedas para os varejistas. No entanto, muitos pecuaristas se mostraram resistentes a esses novos valores, optando por adiar as vendas. No mercado de carne avícola, o volume de embarques desempenhou um papel importante na sustentação dos preços, enquanto na suinocultura, a baixa disponibilidade de animais com peso ideal para abate e as exportações aquecidas também contribuíram para a manutenção dos preços elevados.
Na indústria de laticínios, projeta-se um crescimento de 3,75% no valor bruto da produção, impulsionado por preços reais 5,23% mais altos em relação ao primeiro trimestre de 2024. No entanto, espera-se uma queda de 1,40% na produção neste ano. Em janeiro, devido à elevação dos preços da matéria-prima, os laticínios se valorizaram no mercado. Ainda assim, a demanda permaneceu relativamente aquecida, seja pelos canais de distribuição ou pelos consumidores finais. A redução das importações de lácteos na primeira quinzena de janeiro também teria intensificado a procura por produtos nacionais. Esse cenário persistiu em fevereiro, impulsionado pelo aumento da demanda, especialmente na primeira quinzena, e pela elevação dos custos de aquisição de leite cru, devido à redução da oferta no campo causada pelas condições climáticas desfavoráveis. A partir em março, de acordo com agentes do setor, apesar do aumento nos custos da matéria-prima, o setor enfrentou dificuldades em repassar as altas dos preços dos lácteos sem comprometer a liquidez, comprometendo o escoamento e culminando no arrefecimento da demanda e ligeira variação das médias mensais de preços. No entanto, a partir de março, o setor começou a enfrentar dificuldades em repassar as altas dos preços dos lácteos sem comprometer a liquidez do mercado. Esse cenário afetou o escoamento da produção, resultando no arrefecimento da demanda e em uma ligeira variação nas médias mensais de preços - o que deve se intensificar nos próximos meses, estima a equipe Leite/Cepea.
SEGMENTO DE SERVIÇOS: Agrosserviços cresceram no primeiro trimestre de 2025, impulsionados pelo avanço tanto do ramo agrícola quanto do pecuário
No primeiro trimestre de 2025, o PIB dos serviços do agronegócio brasileiro avançou 6,27%, impulsionado pelo crescimento de 4,66% nos agrosserviços agrícolas e de 9,65% nos agrosserviços pecuários. Em geral, o desempenho deste segmento está diretamente ligado ao desempenho dos demais setores. O crescimento do PIB dos agrosserviços agrícolas refletiu, em grande parte, o desempenho da agricultura dentro da porteira, com maior produção de culturas importantes, como café, milho, soja e trigo, por exemplo. Esse crescimento se traduziu em uma maior demanda por serviços de transporte, armazenagem, comércio e outros serviços, como financeiros, contábeis, jurídicos, de comunicação, entre outros. No setor pecuário, o aumento da produção nos segmentos primário e agroindustrial tem gerado uma maior demanda por serviços em várias das atividades que compõem esse ramo.
O mercado de fretes, fundamental para o escoamento da produção agropecuária, é diretamente influenciado pelo desempenho do setor. A expectativa de uma safra recorde em 2025 aponta para um aumento na demanda por transporte, impulsionando a atividade logística. A desvalorização do Real frente ao dólar favoreceu o crescimento das exportações, ampliando o volume de cargas transportadas.
No entanto, o reajuste no preço do diesel promovido pela Petrobras no início do ano, somado à nova alíquota do ICMS, impactou os custos do transporte rodoviário no primeiro trimestre. Vale destacar que o combustível representa cerca de 40% do custo total do frete, sendo, portanto, um fator decisivo na formação dos preços.
Além do transporte, o desempenho do agronegócio tem reflexos em outros segmentos da cadeia, como armazenagem, serviços bancários, contabilidade e administração. Esses agrosserviços são essenciais para garantir que os produtos agropecuários cheguem ao consumidor final de forma eficiente e sustentável.
Conclusões
O PIB do agronegócio brasileiro registrou um crescimento de 6,49% no primeiro trimestre de 2025, mantendo a tendência observada ao final de 2024, quando ocorreu a reversão dos resultados devido à valorização dos preços de importantes atividades do setor. Com isso, e considerando o desempenho geral da economia brasileira até o momento, o PIB do agronegócio pode representar 29,4% do PIB do Brasil no ano, um aumento considerável em relação aos 23,5% observados em 2024.
Esse desempenho foi impulsionado principalmente pela valorização dos preços, mas também pelo aumento na produção em várias atividades, sejam de base agrícola ou pecuária - neste, a única exceção foi o segmento de insumos, que apresentou retração do PIB. Pela perspectiva dos ramos do agronegócio, se consideradas apenas as atividades do ramo agrícola, o PIB do setor cresceu 5,59%; ao considerar apenas as do ramo pecuário, o crescimento foi de 8,50%.
No que se refere aos segmentos do setor, o PIB dos insumos cresceu 4,45%, com variações opostas entre os ramos: um aumento de 7,24% nos insumos agrícolas e uma queda de 3,05% nos insumos pecuários. O desempenho dos insumos foi impulsionado pelo avanço do valor bruto da produção de fertilizantes e corretivos de solo, que teve uma combinação de valorização dos preços reais e crescimento da produção anual esperada; dos defensivos; e das máquinas agrícolas, marcados pelo crescimento da produção anual esperada, que se sobrepôs à queda dos preços reais nessas indústrias. A indústria de rações, por outro lado, foi a única a projetar uma queda no valor bruto de produção, refletindo a diminuição dos preços reais.
O PIB do segmento primário do agronegócio teve um avanço significativo de 10% no trimestre, atribuído tanto à agricultura, que cresceu 10,78%, quanto à pecuária, que registrou um aumento de 8,58%. O bom desempenho da agricultura foi impulsionado pelo aumento da produção esperada, mas principalmente pela valorização dos preços reais de importantes commodities - como café, milho, trigo, laranja e soja. A pecuária também teve resultados positivos, impulsionados pela valorização dos preços reais, especialmente na bovinocultura de corte e de leite, bem como na suinocultura.
No segmento agroindustrial, o PIB cresceu 3,18%, com destaque para o aumento do PIB das agroindústrias de base pecuária (8,29%) em comparação com as de base agrícola (1,62%). Na indústria agrícola, o crescimento foi impulsionado pela valorização dos preços reais, especialmente nas indústrias de café, biocombustíveis e produtos de fumo, além do crescimento da produção anual, que beneficiou indústrias como móveis de madeira, têxteis e vestuário. No setor pecuário, o desempenho positivo foi garantido pelas indústrias de abate e preparação de carnes e pescado, bem como pelas de laticínios.
Por fim, o PIB do segmento de agrosserviços cresceu 6,27% no trimestre, com um aumento de 4,66% nos agrosserviços agrícolas e de 9,65% nos pecuários. Esses resultados refletem as dinâmicas dos segmentos a montante.
Fonte: CNA e Cepea/USP.