O início de um novo ano costuma trazer consigo uma onda de metas renovadas: reeducação alimentar, retomada dos treinos e até desafios em aplicativos para incentivar a prática de exercícios físicos. Nesse cenário, os suplementos alimentares e vitamínicos vêm ganhando espaço como aliados para manter o ritmo e alcançar resultados mais rapidamente.
Proteínas, creatina, glutamina e aminoácidos — em cápsulas, pó, comprimidos, shakes com frutas ou até em versões que lembram balas — fazem parte de uma rotina cada vez mais presente entre os brasileiros. E os números refletem essa tendência. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), o setor registrou crescimento expressivo em 2024. O consumo de vitaminas aumentou 9,3% entre janeiro e dezembro, na comparação com o ano anterior. Já os concentrados de proteínas tiveram alta de aproximadamente 3% no mesmo período.
Suplementação proteica
Produtos com proteína do soro do leite são a maior fonte de suplementação aqui no Brasil. Com sabor de morango, chocolate, cookies and cream, baunilha, o suplemento pode trazer benefícios a vários públicos.
Uma das explicações para tanta admiração pelo whey protein é por ser a forma mais eficiente de o corpo humano digerir e usar o nutriente. Como são microfiltrados, oferecem proteína ultrapura, pois o processo de produção garante que a proteína permaneça intacta e tão pura quanto possível, podendo ser diluído em diferentes tipos de bebida.
Um relatório da Mordor Intelligence coloca o Brasil como o maior mercado consumidor de proteína do soro do leite na América do Sul, sendo responsável por mais de 58% do mercado. A projeção é que o consumo continue crescendo a uma taxa anual de 8% entre 2024 e 2029. Informação que impulsiona a produção do ingrediente no Brasil atualmente.
Pioneira na fabricação de whey e líder no mercado de suplementos, a Sooro Renner investiu mais de R$ 600 milhões nos últimos cinco anos. A indústria, baseada em Marechal Cândido Rondon (PR) e Estação (RS), é hoje a maior processadora de soro de leite da América Latina.
Continua depois da publicidadeRecentemente a Sooro apostou em uma expansão que quintuplicou a produção diária e investiu em uma torre só para produzir uma nova fórmula: o permeado de soro de leite.
“A gente não produzia permeado e passamos a produzir em torno de 100 toneladas/dia desse produto. Estamos falando aí de 3 mil toneladas/mês de permeado na nossa fabricação”, explica Cláudio Hausen de Souza, vice-presidente Comercial e Marketing da Sooro.
O permeado é uma fonte de energia com alto teor de lactose, que é separada no processo da produção do whey protein. “Esse mercado é crescente e nós estamos navegando em um mar bastante favorável aqui no Brasil. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Nutrição, nos próximos cinco anos esse mercado deve dobrar de tamanho”, comenta Cláudio.
Tendência mundial e um giro de milhões
O crescimento mercado de suplementação reflete mudanças no comportamento dos consumidores, que estão em busca de qualidade de vida. E essa é uma tendência mundial que vai aumentar nos próximos 16 anos.
É o que mostra um estudo publicado no final de 2024 pela Rede de Observatórios do Sistema Indústria sobre as macrotendências que vão impactar a indústria até 2040. O levantamento indicou a "cultura do bem-estar" como um dos comportamentos que veio para ficar.
Uma tendência com potencial de impacto em toda a indústria nacional e que toca em aspectos diversos, como mudanças nos padrões de consumo, novas tecnologias de produção, questões ambientais e transformações sociais.
“As análises feitas por este tipo de estudo permitem que organizações identifiquem oportunidades emergentes, antecipem riscos e alinhem suas estratégias a cenários de transformação, aumentando a resiliência e a capacidade de adaptação em contextos de incerteza”, explica o responsável pelo núcleo de prospectiva do Observatório Nacional da Indústria, Marcello Pio.
Suplementos que ajudam também no emprego
O setor como um todo expandiu 2,4% em consumo aparente ao longo de 2024, quando comparado com 2023. Junto com o aumento do consumo, veio o impacto do mercado de trabalho: a contratação de profissionais subiu 4,4% em 2024, valor que representa a abertura de mais de 4,3 mil postos de trabalho, segundo a ABIAD.
Quando se trata de importações, o segmento teve um aumento de 24,6%, totalizando mais de US$ 1 bilhão, o que reforça o interesse do consumidor brasileiro em alimentos dessa categoria. A importação de concentrados de proteínas e vitaminas também cresceu 66,7% e 15,6%, respectivamente.
“O setor apresentou um crescimento contínuo ao longo de 2024, impulsionado pelo investimento em pesquisa e desenvolvimento. A introdução de novos ingredientes e tecnologias resultou em maior eficácia e diversificação dos produtos, fortalecendo a confiança dos consumidores. De modo geral, foi um ano em que a indústria consolidou sua importância e expandiu sua base de consumidores, fatores essenciais para esse desempenho positivo”, afirma Gislene Cardozo, diretora executiva da ABIAD.
A importância do consumo seguro
Até aqui parece tudo bem, tudo de bom, mas vamos agora entrar na parte mais "forte" do suplemento. Aminoácidos, proteínas, seja qual for o suplemento, não é indicado administração por conta própria. Esses produtos devem fazer parte de uma estratégia, que será montada por um especialistas. " Na prática clínica, o que a gente vê muito é a pessoa se automedicando. Faz a matrícula na academia e já compra o Whey protein. E isso é muito por conta do acesso à informação, que hoje é muito rápido", revela a nutricionista e representante da Federação Nacional de Nutrição (FNN), Michelly Dossi.
O mercado aquecido, todo mundo tomando, querendo tomar, segundo Michelly, não pode ser um incentivo ao consumo indiscriminado.
"A suplementação não é para todos. Não são todas as pessoas que têm necessidade. Precisa fazer avaliação, com médicos, adequar o que o corpo precisa e o que está sobrando, porque a falta gera problemas, mas o excesso também", alerta Michelly Dossi.
As informações são da Agência de Notícias da Indústria, adaptadas pela equipe Milkpoint