Abaixo, alguns trechos das análises mensais:
AÇÚCAR: A produção de açúcar pode aumentar na próxima safra (2024/25) na região Centro-Sul do Brasil e superar, inclusive, o recorde da atual temporada 2023/24. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), no acumulado da atual safra (de abril/23 até 16 janeiro/24), o Centro-Sul produziu 42,099 milhões de toneladas de açúcar, e a moagem de cana somou 645,376 milhões de toneladas.
ALGODÃO: O expressivo excedente brasileiro e a menor oferta norte-americana devem levar o Brasil a se tornar o maior exportador mundial de algodão em pluma. No País, o cultivo da temporada 2023/24 deve ser incentivado pelos atrasos na semeadura de soja no Cerrado, e isso deve manter o excedente interno amplo ainda em 2024 e em parte de 2025. Assim, o Brasil deve ultrapassar os Estados Unidos e se tornar o terceiro maior produtor do mundo em 2023/24.
ARROZ: Os preços do arroz tiveram forte elevação em 2023, especialmente no segundo semestre, sustentados pela redução dos estoques de passagens, o que, no cenário externo, ocorreu pelo terceiro ano consecutivo. Para 2024, por enquanto, não há dados apontando mudança de cenário no curto prazo, ou seja, a relação estoque/consumo deve continuar pressionada. E esse contexto deve impedir baixas expressivas das cotações do arroz.
BOI: Neste novo ano, a perspectiva é de que as exportações de carne bovina continuem firmes. A demanda interna deve ter alguma recuperação, mas a produção abre espaço para dúvidas sobre oscilações mais acentuadas ao longo do ano. É principalmente da “oferta” que pode vir a motivação para altas ou quedas dos preços da arroba e da carne no correr de 2024.
CAFÉ: Os produtores de café brasileiros devem enfrentar desafios em 2024, sobretudo os relacionados ao clima adverso previsto para este ano no Brasil. A região Sudeste, onde está localizada grande parte da produção nacional de café, ainda deve registrar períodos de temperaturas elevadas e de chuvas irregulares, devido, dentre outros motivos, à atuação do fenômeno climático El Niño (que deve seguir até meados de 2024).
ETANOL: Consultorias nacionais estimam que a região Centro-Sul do Brasil pode moer mais de 600 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na temporada 2024/25 (que se inicia oficialmente em abril/24), mesmo diante da indefinição climática dos primeiros meses de 2024. E, na safra 2024/25, as usinas devem destinar maior quantidade de cana para a produção de açúcar. Essa prospecção se baseia nos preços relativos do adoçante e do etanol, que devem, a exemplo do que ocorreu nos dois últimos anos, privilegiar a produção do alimento.
FRANGO: Recorde, essa é a palavra que deve continuar permeando o mercado brasileiro de frango em 2024. Estimativas realizadas pelo Cepea mostram que a produção da proteína avícola deverá continuar crescendo neste ano, sendo o bom ritmo de embarques ao exterior o fator decisivo para a continuação desse movimento. A produção nacional de carne de frango somou 10,1 milhões de toneladas na parcial de 2023 (de janeiro a setembro), 6,1% acima da verificada no mesmo período do ano anterior e um recorde da série histórica da Pesquisa Trimestral de Abates de Animais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
MILHO: O clima desfavorável à safra verão de milho 2023/24 pode atrasar a semeadura da segunda temporada, que, vale lembrar, atualmente é responsável por 3/4 da oferta nacional do cereal. Quanto aos preços, os patamares deste começo de 2024 estão bem abaixo dos verificados há um ano, contexto que reduz as margens e que, somado às incertezas quanto aos impactos do El Niño sobre a produtividade, diminui o interesse de agricultores pela semeadura de milho – parte dos produtores já sinaliza que não deve aumentar a área. Na B3, os valores futuros apontam patamares maiores no segundo semestre.
OVINOS: O ritmo de crescimento da produção brasileira de ovinos tem diminuído nos últimos anos, como reflexo de um mercado consumidor que não eleva seu potencial de demanda pela proteína. Estimativas realizadas pelo Cepea com base em dados do IBGE mostram que o aumento no volume a ser produzido deve se limitar a 1%, tanto em 2023 como em 2024 - em2022, somou 21,5 milhões de cabeças, com incremento de 4,7% sobre a quantidade de 2021.
SOJA: A área mundial semeada com soja cresceu pela quarta temporada seguida, gerando expectativas de que a oferta recorde na safra 2023/24 seja renovada. Desde a temporada 2019/20, a área global cresceu 12,5%, e a produtividade, 4%, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Com isso, a produção mundial deu um salto de 16,8%. A demanda também segue avançando, mas em ritmo inferior à oferta: em quatro anos-safras, o consumo total de soja cresceu 6,5%, sendo que o esmagamento aumentou 5,4%. Com isso, os estoques de passagens vêm aumentando. Por enquanto, a relação estoque/consumo da temporada 2023/24 está estimada para ficar em 29,9%, a maior em cinco anos (em 2018/19, esteve em 33%).
TRIGO: As estimativas de produção da safra 2023/24, tanto mundial quanto brasileira, são inferiores às da temporada anterior. O Brasil deverá ser apenas o 16º maior produtor de trigo da temporada 2023/24 e o 10º maior exportador global da commodity. No mundo, a oferta de trigo da temporada 2023/24 deverá cair, após quatro anos consecutivos em crescimento. No Brasil, depois das altas expressivas nos preços em 2022, a área com trigo aumentou em 2023. Contudo, devido a problemas climáticos, a produtividade foi menor, o que reduziu expressivamente a produção da temporada.
Agromensais de janeiro/24 / Divulgação Cepea
Fonte: Cepea