O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, disponibiliza hoje as agromensais de junho de 2024.
Abaixo, alguns trechos das análises mensais:
AÇÚCAR: Com os avanços da colheita e moagem de cana-de-açúcar da safra 2024/25, a produção do açúcar cristal branco do estado de São Paulo aumentou em junho, elevando a oferta no mercado spot, sobretudo do Icumsa 180. Ainda assim, os preços se mantiveram firmes na segunda e terceira semanas do mês, sustentados pela desvalorização do Real frente ao dólar, que torna as exportações mais atrativas. No encerramento de junho, a menor demanda pressionou as cotações. Agentes de indústrias alimentícias relataram que as vendas para o varejo estiveram fracas, de forma que o açúcar recebido por meio de contratos foi suficiente para manter a produção, não sendo necessárias compras adicionais no spot.
ALGODÃO: Os preços do algodão em pluma oscilaram no mercado interno ao longo de junho, mas as altas prevaleceram. O suporte veio da posição firme de vendedores e da maior procura de compradores, mesmo que de forma pontual. Assim, depois de recuar por três meses seguidos, o preço da pluma subiu em junho.
ARROZ: O mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul encerrou junho com preços firmes, apesar do ritmo lento de negócios em meio ao cenário de incertezas. O suporte veio principalmente da demanda internacional aquecida, já que as exportações continuaram mais atrativas do que as vendas internas. No entanto, as menores saídas de arroz beneficiado para grandes centros consumidores nacionais limitaram a liquidez e os aumentos nos valores da matéria-prima. De modo geral, vendedores mantiveram suas propostas firmes devido aos altos custos estimados, enquanto as significativas perdas agrícolas causadas pelo El Niño levaram produtores a buscar maior valorização do casca.
BOI: Nesta virada de semestre, aumentou a dispersão dos preços coletados pelo Cepea e também a disparidade entre os comentários a respeito das condições do mercado. Depois das sucessivas quedas ao longo do primeiro semestre, a percepção é de que os agentes estão em busca de preços que se ajustem melhor às condições atuais.
CAFÉ: O mês de junho se encerrou com preços dos cafés robusta e arábica em alta no mercado spot nacional, mas a comercialização de novos lotes ainda esteve em ritmo lento – a liquidez se aqueceu pontualmente, apenas em momentos de forte elevação nos valores.
ETANOL: A safra sucroenergética 2024/25 vai avançando rapidamente no Centro-Sul. Do lado da oferta, a colheita e a moagem da cana-de-açúcar têm sido favorecidas pelas boas condições climáticas. Do lado da demanda, a procura na ponta varejista, sobretudo do estado de São Paulo, se mantém firme, sustentada pelo cenário vantajoso do biocombustível frente à gasolina.
FRANGO: Os preços médios dos produtos de origem avícola acompanhados pelo Cepea encerraram junho em movimentos distintos. Enquanto em alguns casos a demanda aquecida em parte do mês elevou as cotações o suficiente para sustentar a média mensal, em outros, a baixa liquidez acabou resultando em queda nos valores.
MILHO: Os preços do milho acumularam queda em junho na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, influenciados pela colheita de segunda safra, que avança em ritmo acima do registrado no ano anterior. Assim, parte dos produtores começou a aumentar o volume de milho disponível no spot. No entanto, uma parcela desses agentes, receosa quanto aos impactos do clima adverso sobre as lavouras durante o desenvolvimento, seguiu limitando a oferta. Do lado da demanda, consumidores receberam lotes negociados antecipadamente ou priorizaram a utilização dos estoques, adquirindo poucos lotes no spot, à espera de novas desvalorizações com o avanço da colheita.
OVINOS: Em junho, as cotações do cordeiro vivo tiveram movimentações distintas nas regiões acompanhadas pelo Cepea. Os estados do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso registraram aumento nos preços do animal, enquanto nas outras regiões os valores recuaram.
SOJA: As negociações do complexo soja estiveram aquecidas no mercado brasileiro em junho, resultado das firmes demandas doméstica e externa. A maior procura internacional esteve atrelada à valorização cambial, que deixou as commodities nacionais mais atrativas aos importadores – o dólar subiu 5% de maio para junho, com média de R$ 5,39 no último mês, a maior desde janeiro/22; o aumento anual foi de expressivos 11,3%.
TRIGO: Os preços do trigo seguiram firmes no mercado brasileiro em junho, operando acima dos patamares registrados no mesmo período do ano passado. O suporte veio dos baixos estoques domésticos, especialmente de produto de qualidade superior, e da elevação da paridade de importação. Esse cenário limitou a liquidez, e as negociações ocorreram de forma pontual.
Foto: Divulgação
Fonte: Cepea