O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, disponibiliza hoje as agromensais de setembro de 2024.
Abaixo, alguns trechos das análises mensais:
AÇÚCAR: Os preços do açúcar cristal branco seguiram em alta em setembro no mercado spot do estado de São Paulo, voltando aos patamares observados em meados de abril/24, início oficial da safra 2024/25. O impulso veio da baixa oferta do adoçante. Além da queda na produtividade dos canaviais paulistas, resultado da estiagem e das temperaturas elevadas, o alto volume de açúcar exportado ao longo deste ano e o fato de boa parte do produto já estar contratada pela indústria doméstica limitaram ainda mais a disponibilidade interna.
ALGODÃO: Desde meados de março, os preços do algodão em pluma vêm oscilando em um pequeno intervalo – entre as casas de R$ 3,80 e R$ 4,10 por libra-peso. Em setembro, novamente, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, atravessou o mês nesses patamares, encerrando o período operando pouco acima dos R$ 4 por libra-peso. A sustentação aos valores veio dos avanços externos e da paridade de exportação. Apesar do término da colheita e do progresso do beneficiamento, a maior parte do algodão disponível no mercado spot nacional segue sendo destinada ao cumprimento dos contratos a termo.
ARROZ: Em setembro, o mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul foi caracterizado por baixa liquidez e desafios significativos, principalmente devido às intensas chuvas que dificultaram tanto o transporte do grão quanto a continuidade da semeadura. A disparidade entre os preços de compra e venda se manteve, com produtores aguardando por melhores condições de negociação, e indústrias de beneficiamento alegando dificuldades para escoar o arroz beneficiado, o que limitou as aquisições.
BOI: Em julho e agosto, as cotações pecuárias ensaiaram o início da recuperação das quedas que se sucederam ao longo de todo o primeiro semestre. Mas foi em setembro que os reajustes compensaram as perdas do ano. Forte estiagem agravada por queimadas reduziu significativamente as ofertas de animais a pasto em setembro, mas a demanda esteve aquecida.
CAFÉ: Em setembro, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do robusta do tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, fechou acima do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista. Levantamento do Cepea mostra que a média mensal do robusta de setembro ficou 24,73 Reais/saca de 60 kg superior à registrada para o arábica.
ETANOL: Na parcial da atual safra 2024/25 (de 1º de abril/24 a setembro/24), a média do Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado (estado de São Paulo) está apenas 1,08% abaixo da registrada no mesmo período do ciclo anterior, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-M). No caso do etanol anidro, o recuo no preço é de 2,71% no mesmo comparativo.
FRANGO: Os preços da carne de frango e do animal vivo encerraram setembro em alta frente aos de agosto. Esse cenário foi verificado em grande parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. O típico aumento da demanda no início do mês (com o recebimento dos salários) garantiu o aumento no valor médio mensal da proteína. Além disso, a oferta esteve mais enxuta em boa parte do mês, o que, por sua vez, foi resultado do forte ritmo das exportações da carne.
MILHO: Os preços do milho operaram em alta na maior parte de setembro, sustentados pela retração de vendedores, que priorizaram os trabalhos de campo e estiveram atentos ao clima quente e seco nas lavouras. A semeadura da safra verão foi iniciada no Sul do País, maior região produtora neste período, mas as temperaturas elevadas durante o mês e o déficit hídrico neste ano podem atrapalhar as atividades.
OVINOS: Os preços do cordeiro vivo apresentaram leve aumento nas regiões acompanhadas pelo Cepea em setembro. Colaboradores relatam que as ligeiras elevações têm sido reflexo da oferta cada vez mais restrita de animais. Por outro lado, o valor da carcaça apresentou recuo.
SOJA: Os preços da soja subiram em setembro no mercado doméstico. Além da demanda aquecida, sobretudo por parte das indústrias esmagadoras, a resistência de produtores em negociar grandes volumes, tanto para entrega imediata (referente ao remanescente da safra 2023/24), quanto para contratos a termo (envolvendo a temporada 2024/25), reforçou o movimento de alta. Sojicultores estiveram cautelosos devido às chuvas irregulares no Brasil no período de início das atividades de campo da nova safra.
TRIGO: À medida que a colheita de trigo da nova safra 2024/25 avança no Brasil, um maior número de lotes tem sido ofertado no spot nacional. Do lado da demanda, colaboradores do Cepea indicaram que parte dos moinhos reduziu a moagem, tendo em vista os estoques elevados e também a baixa liquidez no mercado de farinhas de trigo. Nesse contexto, os preços domésticos do cereal estiveram em queda em setembro.
Fonte: Cepea