Os embarques de carne suína, incluindo os produtos in natura e processados, somaram 1,2 milhão de toneladas em 2023, alcançando máxima histórica, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O volume foi 9,8% maior que o do ano anterior, apesar de as vendas para a China terem diminuído.
Já a receita das exportações de carne suína cresceu 9,5%, para US$ 2,8 bilhões, também um recorde. De acordo com a entidade, a diversificação dos destinos das exportações fez a diferença no resultado, em especial com os embarques para países da Ásia e das Américas.
“Com as aberturas de novos mercados para a carne suína do Brasil e a boa expectativa com o comportamento dos tradicionais destinos dos produtos brasileiros, espera-se que os patamares alcançados ao longo do ano passado se mantenham neste ano”, disse Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Outro recorde foi o dos embarques de carne de frango, que aumentaram 6,6% em 2023, para 5,1 milhões de toneladas. O crescimento da receita, mais tímido, foi de 0,4%, a US$ 9,8 bilhões.
No caso da carne bovina, as vendas ao mercado externo subiram 1,15%, totalizando 2,3 milhões de toneladas, informou a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Já a receita caiu 18,6%, para US$ 10,5 bilhões, afetada pelos preços baixos e pela diminuição do volume e da receita dos embarques à China.
“Limitações de precificação, em especial dos cortes bovinos brasileiros destinados à exportação, impediram que o recorde também fosse atingido em faturamento para o complexo de carnes, mas ainda é válido destacar que a receita das exportações de proteínas de aves e de suínos foi a maior da história”, pontuou João Figueiredo, analista da Datagro Pecuária.
Ele acredita que, em 2024, o Brasil pode bater novos recordes em volume de embarques e que o país pode ganhar competitividade. “Há expectativa de restrição do excedente exportável de grandes exportadores como União Europeia, Argentina e Estados Unidos, além dos reforços exógenos como o recente anúncio de isenção tributária das importações de carnes do México, os novos surtos de gripe aviária nos plantéis americanos e europeus e até o possível aumento temporário das ‘retenciones’ argentinas”, disse.
Analistas do Citi destacaram em relatório que o cenário desafiador se aprofunda no ciclo da carne bovina nos Estados Unidos. “Não há sinais significativos de retenção de novilhas, de acordo com dados do USDA [Departamento de Agricultura dos EUA]”, observaram.
O Citi avalia que uma eventual recuperação nos lucros ainda parece fora de alcance dos frigoríficos que atuam nos EUA. “Continuamos esperando margens Ebitda estáveis para JBS US Beef e National Beef para 2024”, disseram os analistas. A JBS tem 49% de sua receita exposta aos EUA (sendo 30% na área de bovinos) e a Marfrig, dona da National Beef, 45%.
“Os patamares [de embarques de carne suína] devem se manter neste ano” Ricardo Santin — Foto: Globo Rural
Fonte: Globo Rural