O preço do leite captado em dezembro/22 e pago aos produtores em janeiro/23 se manteve praticamente estável na “Média Brasil” líquida do Cepea, fechando a R$ 2,5214/litro, recuo de apenas 0,3% frente ao mês anterior. Apesar disso, a média deste mês ainda ficou 13,7% acima da registrada em janeiro/22, em termos reais, sendo também a maior para um mês de janeiro, considerando-se a série histórica do Cepea, iniciada em 2004 (os valores deflacionados pelo IPCA de dezembro/22).
Vale ressaltar que os valores médios de Minas Gerais, do Paraná e de Santa Catarina registraram quedas menores que 1%, enquanto os de São Paulo e de Bahia apresentaram recuos acima de 2%. Por outro lado, as médias em Goiás e no Rio Grande do Sul avançaram, mas as variações estiveram abaixo de 1%.
A desaceleração no movimento de queda no preço do leite no campo (que ocorre desde setembro) pode ser explicada pelo momento de transição observada em dezembro: de um lado, a demanda na ponta final da cadeia se manteve enfraquecida e pressionou as cotações dos lácteos; mas, de outro, a captação ficou mais limitada.
De novembro para dezembro, os preços médios negociados pelo leite UHT e pela muçarela entre indústrias e canais de distribuição no estado de São Paulo tiveram quedas reais de 7,2% e de 6,2%, respectivamente. Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, apesar de as vendas terem se aquecido ligeiramente por conta das festas de final de ano, a demanda seguiu fragilizada, o que resultou em baixa nos valores de negociação.
Já em relação à oferta, a entressafra no Sul do País avançou, e a produção não cresceu como esperado no Sudeste e Centro-Oeste. O clima mais adverso e o estreitamento das margens dos produtores são fatores que explicam esse cenário. O Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) recuou 0,15% de novembro para dezembro na Média Brasil. Nos estados do Sul, houve retração média de 2%, ao passo que, nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, a alta foi de apenas 1%. Agentes de mercado relataram que a concorrência por fornecedores voltou a crescer. Nesse contexto, a estratégia das empresas sobre a precificação do produtor em dezembro foi mais heterogênea, tanto na intensidade do repasse da queda quanto no diferencial praticado em relação às faixas de produção.
EXPECTATIVA – Colaboradores consultados pelo Cepea avaliaram que os preços ao produtor podem registrar altas a partir de janeiro, numa movimentação considerada “precoce” pelo setor, mas que se justifica pela diminuição da produção. Com a menor oferta no campo e a queda nas importações de lácteos, os estoques de derivados se enxugaram, e os preços do UHT e da muçarela vêm mostrando sinais de reação consistente ao longo do mês.
ATENÇÃO! – A próxima divulgação do preço do leite cru ao produtor calculado pelo Cepea, a ser realizada no encerramento de fevereiro/23, já considerará o ajuste na nomenclatura (veja mais aqui). Assim, a “Média Brasil” do preço do leite cru a ser divulgado pelo Cepea na última semana de fevereiro/23 será nomeada como "janeiro/23", tendo em vista que este é o mês em que o leite foi captado pelo laticínio. Ressalta-se que adotar o mês de captação como referência para o preço do leite do Cepea irá contribuir para o processo de tomada de decisão dos agentes do setor, além de sincronizar as nomenclaturas de preços e custos. O ajuste também ajudará pecuaristas e laticínios a avaliarem a rentabilidade da atividade e facilitará a compreensão do panorama do mercado, diminuindo a assimetria de informação.
Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de dezembro/2022)
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
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ASSESSORIA DE IMPRENSA: Outras informações sobre o mercado lácteo aqui, por meio da Comunicação do Cepea e com a pesquisadora Natália Grigol: cepea@usp.br.