Mobilização de fiscais agropecuários afeta setor de carnes

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A mobilização dos auditores fiscais federais agropecuários tem gerado atrasos na produção e na certificação de carnes de aves, suínos e bovinos e de ovos no país, além de problemas de fluxo ao longo de toda a cadeia do agronegócio, informaram as duas principais entidades das indústrias de proteína animal no Brasil.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reforçaram apoio ao pleito de valorização da carreira dos auditores e indicaram empenho junto ao governo na busca por soluções políticas e técnicas para dar fim à mobilização dos servidores, que completa um mês nesta quinta-feira (22/2) e começa a travar algumas operações na ponta.

A avaliação é que os impactos não são diretos em determinadas empresas ou setores, mas que os prejuízos se acumulam ao longo de toda a cadeia e afetam o fluxo dos negócios. Mesmo que as emissões de certificados para exportação ocorram no prazo legal de cinco dias, muitos estabelecimentos ficam abarrotados de cargas que não podem ser enviadas aos destinos e acabam reduzindo seus volumes de abates.

Ontem, uma operação coordenada para verificar as condições de higiene de 414 frigoríficos sob inspeção federal atrasou abates, mas sem impactos mais expressivos.

“Reconhecemos a excelência do serviço da categoria, refletido no patamar de qualidade da produção nacional, e estamos investidos da missão de ajudar a viabilizar uma solução para todos”, disse Antônio Jorge Camardelli, presidente da Abiec à reportagem. “Os reflexos da mobilização não são diretamente prejudiciais aos frigoríficos, mas para a cadeia como um todo”.

A operação padrão dos auditores fiscais pode atrasar embarques de carne resfriada, por exemplo, que têm vida útil de 90 a 120 dias. Se a carga precisar fugir dos entraves no Mar Vermelho e for enviada em navio que dê a volta no Cabo da Boa Esperança, o prazo de validade fica sob risco para chegar ao destino.

Qualquer impacto mais forte ou mais prolongado ainda pode determinar dificuldades de abastecimento desses produtos no futuro, avalia o setor. Não há nas indústrias uma percepção exata de quanto tempo elas conseguirão seguir nessa situação sem afetar a produção e o escoamento mais fortemente.

A ABPA disse, em nota, que a mobilização dos auditores coloca em risco cargas vivas e compromete a importação e exportação de material genético. “No curto prazo, o retardo das linhas de produção provocado pelo movimento poderá impactar a oferta de produtos”, afirmou.

Camardelli reforçou que, por se tratar de uma mobilização semelhante à realizada em 2022, o mandado de segurança obtido pela Abiec na Justiça naquele ano continua em vigor. A área jurídica da entidade foi acionada para que a decisão seja cumprida e determinar “a emissão e certificação da produção, viabilizando o seu escoamento, sob pena de multa pessoal diária” aos auditores.

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) se reuniu com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e solicitou seu engajamento ativo nas negociações por melhorias salariais. O último reajuste foi em 2017. O impacto estimado para atender o pleito da categoria seria de R$ 700 milhões.

Fávaro confirmou participação presencial na próxima reunião dos auditores com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos para tratar da reestruturação da carreira.

 

No curto prazo, o retardo das linhas de produção provocado pelo movimento dos fiscais poderá impactar a oferta de produtos, diz ABPAFoto: Claudio Belli/Valor

 

Fonte: Globo Rural

22/02/2024

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