O início de 2024 nos países do Hemisfério Norte está sendo marcado por uma onda de frio intensa, com nevascas e temperaturas que chegaram a −30ºC. O fenômeno preocupa especialistas e levanta uma dúvida: será que o inverno brasileiro também terá extremos climáticos, assim como o verão?
Segundo Vinicius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, os brasileiros não precisam se preocupar. A onda de frio pode ocorrer, mas não de maneira tão intensa como nos EUA. Isso porque, este fenômeno ocorre por influência do vórtice polar, uma área de baixa pressão atmosférica repleta de ar gelado localizada no Ártico.
A massa de ar se expande e impulsiona ventos frios para regiões mais ao Sul da América do Norte, como os Estados Unidos. Conforme se aproxima da América do Sul, o ar frio é aquecido pela temperatura dos oceanos e perde suas características polares. Por isso, mesmo durante a estação mais fria do ano, é improvável que o Brasil enfrente um inverno tão rigoroso.
O fenômeno, responsável por causar quedas bruscas na temperatura, é comum durante essa época do ano. No entanto, a expansão do vórtice polar está ocorrendo de forma mais acentuada no início de 2024, provocando ondas de frio intensas nos Estados Unidos, Canadá e países europeus.
A onda de frio é caracterizada por uma sequência de, no mínimo, cinco dias em que se observa queda expressiva de temperatura, em comparação com a média para determinada época do ano, em uma área ampla. Ela pode ocasionar precipitação de neve e geada em algumas regiões.
Apesar de 2023 ter quebrado recordes históricos de altas temperaturas em todo planeta e especialistas alertarem para um aquecimento ainda mais intensificado nos próximos anos, extremos climáticos ainda podem provocar ondas de frio, como ocorre neste momento.
De acordo com Lucyrio, à medida que a Terra superaquece, é esperado que o planeta busque equilíbrio nas condições climáticas, tentando compensar o aumento das temperaturas. Ainda assim, apesar de intensas, as ondas de frio tendem a ocorrer com menos frequência.
Inverno em 2024 — Foto: Getty Images “É crucial destacar que o aquecimento global intensifica extremos climáticos, ressaltando a complexidade das mudanças ambientais e seus impactos sobre os padrões meteorológicos”, alerta o meteorologista.
Em 2024, com o fim do El Niño e a aproximação da La Niña, a expectativa é que o clima seja influenciado pela transição rápida de fenômenos. Desirée Brandt, Meteorologista Sócia Executiva da Nottus, diz que o inverno não será rigoso, porém, será marcado por momentos com queda acentuada da temperatura e formação de geadas.
Desirée Brandt, Meteorologista Sócia Executiva da Nottus, diz que o inverno de 2024 não será rigoroso. Porém, as movimentações das massas de ar polar, que serão influenciadas pela neutralidade do início da estação, podem indicar um risco, principalmente para a agricultura.
“A frequência não é tão alta nesta fase, mas faz com que o centro dessas áreas de alta pressão avancem pelo continente. Isso é perigoso, porque oferece maior potencial para queda acentuada da temperatura e formação de geadas”, afirma Brandt.
Onda de frio extremo preocupa especialistas no Hemisfério Norte — Foto: Canva/Creative Commoms Fonte: Globo Rural