O investimento em irrigação é a chave para multiplicar a lotação da fazenda em até 10 vezes, garantindo uma produção intensiva de carne ou leite o ano todo, inclusive na seca.
Segundo o engenheiro agrônomo Marcius Gracco, o Brasil tem um potencial inexplorado de 50 milhões de hectares para a pecuária irrigada, que oferece rentabilidade superior, podendo chegar a R$ 12.000 por hectare/ano.
Segundo ele, embora o custo de implantação de um pivô central possa chegar a R$ 35.000 por hectare (variando conforme topografia, infraestrutura e licença ambiental), esse investimento é rapidamente diluído. O retorno (payback) pode ocorrer em apenas 3 a 4 anos, liberando lucros massivos a partir do quarto ano.
Alta lotação e ganho econômico
O sistema de pasto irrigado permite o que o pastejo convencional não consegue, elevando o patamar de produtividade do campo:
- Lotação: o potencial é de mais de 10 Unidades Animais (UA) por hectare (o ano inteiro), o equivalente a 15 garrotes de 350 kg em um único hectare.
- Meta de produção: o foco é buscar 120 arrobas por hectare/ano.
- Uso ideal: a recria intensiva (garrotes e novilhas) é o uso ideal, pois o animal jovem possui a melhor conversão alimentar no pasto (3 kg de matéria seca para 1 kg de ganho, versus 8-9 kg para um boi de confinamento). Utilizar o pasto rico em proteína com a recria maximiza o retorno.
- GMD: o Ganho Médio Diário (GMD) mínimo aceitável em um garrote sob pivô é de 850 gramas por dia, podendo chegar a 1 kg com suplementação.
Preparação e o ponto crítico da colheita
A irrigação exige que o pasto seja tratado como uma lavoura de alto investimento. Não basta ligar a água; a preparação da área é fundamental:
- Correção do solo: é obrigatório fazer uma correção profunda (20 a 40 cm) para que o sistema radicular se desenvolva e a planta absorva os nutrientes. O pivô não resolve o problema de um solo com pH baixo.
- Nutrientes essenciais: o investimento em adubação (cerca de 30% do custo operacional), com foco em fósforo e potássio, é crucial. É possível aplicar fertilizantes e defensivos diretamente pelo sistema de fertirrigação.
- Manejo e colheita: o maior risco é não ter gado suficiente para colher o pasto, jogando o investimento fora. O ciclo de pastejo é muito curto (11 a 12 dias). Se o produtor vacilar, o pasto passa do ponto, a proteína cai (de 15% para 7%), o perfilhador da planta morre e o desempenho do animal despenca. O manejo correto mantém o pasto como um “tapete de folha” para que o boi coma o material rico em proteína.
Fonte: Giro do Boi











