A Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR), maior cooperativa de laticínios do país em captação, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), bateu este mês o marco de 20 mil prenhezes de fêmeas pelo seu programa de fertilização in vitro (FIV).
O programa foi criado pela cooperativa em 2018 para acelerar a melhoria genética do rebanho dos cooperados. A CCPR reúne 31 cooperativas em Minas Gerais e Goiás e cerca de 25 mil cooperados. Em 2023, a cooperativa teve queda de 3,9% na captação leiteira, para 897,9 mil litros. A receita girou em torno de R$ 3 bilhões.
O programa já recebeu R$ 12 milhões de investimentos da CCPR, do Ministério da Agricultura e Pecuária e recursos próprios de produtores. Até agora, o programa beneficiou pouco mais de 350 fazendas. A média da taxa de concepção é de 35%, segundo a CCPR.
De acordo com a cooperativa, um dos principais desafios do produtor de leite é aumentar a eficiência do rebanho, ou seja, manter vacas altamente produtivas com o menor custo possível.
Requisitos
O recurso é exclusivo para fornecedores de leite com fazendas certificadas pelo programa de boas práticas da CCPR.
Para aderir ao programa de FIV, o cooperado também precisa apresentar a contagem de células somáticas (CCS) abaixo de 500 mil células por mililitro e contagem bacteriana total abaixo de 50 mil UFC/ml (resultado de referência dos últimos 3 meses ou média dos últimos 12 meses). Também precisa ter acompanhamento da assistência técnica e atender a uma lista de manejo.
Em troca, a CCPR fornece subsídio de 50% do valor total e o pagamento só é feito se confirmada a prenhez de fêmea. Além disso, o pagamento pode ser parcelado com desconto na folha de pagamento do leite.
Os cooperados têm acesso a embriões de animais das raças Girolando, Holandês, Gir e Jersey, provenientes de fazendas do próprio sistema de cooperativas.
“Assim, a boa genética circula entre os cooperados. Os produtores que participam do programa acessam animais de qualidade, talvez muito superior à base das suas fazendas, e ainda geramos uma alternativa de renda para as fazendas que disponibilizam os doadores para o programa”, disse em nota a gerente da central de programas agropecuários da CCPR, Bruna Leonel.
O cooperado José Afonso Bicalho, dono da Fazenda 2B e maior fornecedor de genética do programa, observou que o programa testa sete características genéticas: o volume de leite produzido, teor de proteína, de gordura, contagem de células somáticas (CCS), idade ao primeiro parto, eficiência alimentar e intervalo de parto.
“Em vez de testar empiricamente, nós buscamos desenhar um programa de melhoramento genético com o apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”, disse Bicalho.
Zito Faria, dono da fazenda Água Parada, é um dos produtores que compra genética bovina para melhorar o seu plantel. “Focamos muito no quesito saúde e sólidos. Aumento de produtividade é apenas consequência”, disse.
Foto: Gilson de Souza
Fonte: Globo Rural