Características do Verão
Características do Verão O verão no Hemisfério Sul inicia-se no dia 21 de dezembro de 2025 às 12h03 (horário de Brasília), e termina no dia 20 de março de 2026. É um período caracterizado pela elevação da temperatura em todo país em função da posição relativa da Terra em relação ao Sol mais ao sul, tornando os dias mais longos que as noites e com mudanças rápidas nas condições de tempo, favorecendo a ocorrência de chuvas intensas, queda de granizo, vento com intensidade variando de moderada à forte e descargas elétricas. Nessa estação, as chuvas são frequentes em praticamente todo o país, com volumes superiores a 400 mm, com exceção dos menores volumes de chuva registrados no extremo sul do Rio Grande do Sul, nordeste de Roraima e leste do Nordeste, onde geralmente os totais de chuvas são inferiores a 400 mm (Figura 1a).
Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas neste período são ocasionadas principalmente pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), enquanto no norte das regiões Nordeste e Norte, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é o principal sistema responsável pela ocorrência de chuvas.
Em média, os maiores volumes de precipitação podem ser observados sobre as regiões Norte e Centro-Oeste, com totais na faixa entre 700 e 1100 mm (Figura 1a).
Devido às suas características climáticas, com grandes volumes de precipitação, o verão no Brasil tem singular importância para atividades econômicas como a agropecuária, a geração de energia, por meio das hidrelétricas, e para a reposição hídrica e manutenção dos reservatórios de abastecimento de água em níveis satisfatórios.

(a) (b)
Figura 1: Climatologia de (a) precipitação (mm) e (b) temperatura média do ar (°C) para o trimestre dezembro, janeiro e fevereiro. Período de referência: 1981-2010. Fonte: INMET.
Condições oceânicas observadas e tendência
No Oceano Pacífico Equatorial, as médias mensais da região Niño 3.4 (170°W– 120°W), área de referência para a caracterização do El Niño-Oscilação Sul (ENOS), vêm registrando anomalias negativas de temperatura da superfície do mar (TSM) abaixo de - 0,4 °C desde agosto de 2025, caracterizando resfriamento com estrutura espacial semelhante à de condições de La Niña.
No entanto, as projeções do APEC Climate Center (APCC), sediado na Coréia do Sul, indicam aproximadamente 20% de probabilidade de permanência de condições de La Niña no trimestre janeiro-fevereiro-março (JFM) de 2026, e 74,5% de probabilidade de retorno à condição de neutralidade no mesmo período (Figura 2).
Figura 2: Previsão probabilística de ENOS do APEC Climate Center. Fonte: APEC Climate Center.
Prognóstico climático para janeiro, fevereiro e março de 2026
Região Norte
A previsão climática, realizada pelo CPTEC/INMET/FUNCEME para os meses de janeiro a março de 2026, indica condições favoráveis para o predomínio de chuvas acima da média climatológica (média histórica) em grande parte da Região Norte (Figura 3a). Porém, nas porções sudeste do Pará e em todo o estado do Tocantins, os volumes de chuva podem ficar abaixo da média histórica.
A temperatura média do ar prevista indica valores acima da média climatológica no Amazonas, no centro-sul do Pará, no Acre e em Rondônia, com valores podendo chegar a 0,5 °C ou mais acima da média histórica do período (Tocantins) (Figura 3b). Já nos estados mais ao norte da região (Amapá, Roraima e norte do Pará), são previstas temperaturas próximas à média histórica.
Região Nordeste
A previsão climática indica predomínio de chuva abaixo da média climatológica em praticamente toda a região, principalmente na Bahia, centro-sul do Piauí, e maior parte dos estados do Sergipe, Alagoas e Pernambuco, onde são previstos volumes até 100 mm abaixo da média histórica do trimestre JFM. Por outro lado, são previstos volumes de chuva próximos ou acima da média no centro-norte do Maranhão, norte do Piauí e noroeste do Ceará (Figura 3a).
São previstos valores de temperatura do ar acima da média histórica em toda a região nos próximos meses, principalmente na Bahia e no sul do Maranhão e do Piauí, onde os valores podem superar 1 °C acima da climatologia (Figura 3b). Nos demais estados, as temperaturas devem ficar até 0,5 °C acima da média.
Região Centro-Oeste
Em relação à Região Centro-Oeste, são previstas condições favoráveis para volumes acima da média histórica no setor oeste do Mato Grosso, enquanto para o estado de Goiás predominam volumes abaixo da média climatológica do período (Figura 3a). Para o restante da região, são previstos volumes próximos à média histórica.
Quanto às temperaturas, a previsão indica predomínio de valores acima da média climatológica nos próximos meses (Figura 3b), com desvios de até 1 °C acima da climatologia na faixa central da região.
Região Sudeste
Na Região Sudeste, a previsão indica predomínio de chuvas abaixo da média climatológica, com volumes até 100 mm abaixo da média histórica do trimestre JFM. Os déficits mais expressivos são previstos para as mesorregiões de Minas Gerais que incluem o centro do estado, a Zona da Mata, o Vale do Rio Doce e a Região Metropolitana de Belo Horizonte (Figura 3a). Para a temperatura, as previsões indicam valores acima da média em até 1 °C (Figura 3b).
Região Sul
A previsão indica condições favoráveis de chuvas acima da média histórica em todos os estados da Região Sul, com os maiores volumes previstos para as mesorregiões do sudeste e sudoeste do Rio Grande do Sul, com acumulados até 50 mm acima da média histórica do trimestre (Figura 3a). Para a temperatura, as previsões indicam valores predominantemente acima da média durante os meses do verão, principalmente no oeste do Rio Grande do Sul, chegando até 1 °C acima da climatologia.
Figura 3: Previsão de anomalias de (a) precipitação (mm) e (b) temperatura média do ar (°C) para o trimestre janeiro, fevereiro e março/2026, elaborada conjuntamente pelo INMET, CPTEC/INPE e FUNCEME.
Possíveis impactos da chuva no início da safra 2026
As previsões probabilísticas dos modelos climáticos indicam que o verão de 2026 deverá ocorrer, predominantemente, sob condições de neutralidade do ENOS, com baixa probabilidade de atuação do fenômeno La Niña durante esse período.
De modo geral, a neutralidade do ENOS implica maior influência dos sistemas atmosféricos regionais e de padrões de variabilidade de menor escala, como a atuação da ZCAS, dos sistemas convectivos tropicais e da circulação associada ao Atlântico Tropical. Assim, os impactos climáticos sobre o Brasil tendem a apresentar distribuição espacial heterogênea, o que requer o monitoramento contínuo das condições observadas e atualizações frequentes das previsões climáticas, especialmente nas principais regiões produtoras.
A previsão de anomalias de precipitação para o trimestre JFM de 2026 indica predomínio de chuvas acima da média climatológica em grande parte da Região Norte, favorecendo a manutenção de elevados níveis de umidade no solo. Nessas áreas, as condições tendem a ser favoráveis ao desenvolvimento das culturas de verão, como soja e milho, que se encontram predominantemente em fases de desenvolvimento vegetativo e início do florescimento, além de beneficiarem culturas perenes e a recuperação das pastagens.
Por outro lado, a previsão aponta para volumes de chuva abaixo da média em áreas do interior da Região Nordeste, especialmente no semiárido, onde a irregularidade das precipitações pode limitar o avanço do plantio e comprometer o desempenho das culturas de sequeiro. Nessas áreas, a combinação de menor disponibilidade hídrica e temperaturas acima da média tende a elevar a evapotranspiração e o risco de déficits hídricos, podendo comprometer o estabelecimento inicial das lavouras e demandar maior atenção às práticas de manejo do solo e da água.
Na Região Centro-Oeste, a previsão indica chuvas dentro e acima da média climatológica na maior parte da região ao longo do trimestre, especialmente no norte do Mato Grosso, condição importante para a recomposição do armazenamento hídrico do solo e para a sustentação das fases de desenvolvimento da soja e do milho de primeira safra.
Já na Região Sudeste, observa-se o predomínio de chuvas abaixo da média climatológica ao longo do trimestre. Essa condição, associada a temperaturas acima da média, tende a aumentar a evapotranspiração, reduzir gradualmente a disponibilidade hídrica no solo e elevar o risco de estresse hídrico, sobretudo nas áreas com solos de menor capacidade de retenção de água, podendo impactar negativamente o estabelecimento e o desenvolvimento inicial das culturas de verão.
Na Região Sul, a previsão de chuvas próximas ou acima da média climatológica tende a favorecer o desenvolvimento das culturas de verão. Entretanto, a persistência de elevados níveis de umidade no solo, associada a temperaturas acima da média, pode aumentar o risco de ocorrência de doenças fúngicas em lavouras ainda em campo, especialmente no trigo em fase de florescimento e enchimento de grãos, com potencial impacto negativo sobre o rendimento e a qualidade da produção. Além disso, a ocorrência de chuvas frequentes pode interferir pontualmente nas operações de colheita e retardar o andamento do plantio das culturas de primeira safra, o que requer uma maior atenção ao planejamento das atividades agrícolas.
Para mais detalhes, acesse: portal.inmet.gov.br











