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“Com a volta do período das águas, a pastagem começa a crescer e o pecuarista não deve ficar animado além da conta”, alerta a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Valéria Pacheco. De acordo com ela, além de cuidar do manejo para não sobrecarregar a forrageira, é nessa hora que ele precisa parar e olhar sem pressa as necessidades do solo.
Abaixo, confira dicas para fazer bom uso da pastagem na transição do período seco para o chuvoso:
Ajuste a carga de pastejo - Quando vê o capim crescer e ficar verde, a tendência do pecuarista é querer aumentar a lotação no pasto. Diante desse impulso, Valéria recomenda que o produtor repense seu manejo: “O que ele precisa é ir aumentando a carga aos poucos, para atingir o pico no verão. Caso contrário, pode promover a degradação da pastagem”, afirma.
No caso das braquiárias, seja Piatã, Paiaguás, Xaraés ou Marandu, ela recomenda trabalhar com a altura do capim em torno de 30 centímetros. “Porque, agora, você vai encontrar as pastagens a uma média de 20. Mas dá para colocar ali uma cabeça por hectare. E daqui um mês, quando a altura já estiver mais próxima do ideal, aumentar para duas”, diz. Com isso, a planta ganha tempo para se restabelecer e os animais podem atingir um ganho de peso melhor.
Valéria explica que à altura de até 15 centímetros a braquiária não morre, o que não quer dizer que não venha prejuízo pela frente. “Se você baixa muito a planta, ela fica sem folhas e não faz fotossíntese. Então, passa a lançar mão dos seus carboidratos de reserva. Supondo que o produtor insista nesse manejo de setembro até novembro, ela vai consumir todo o carboidrato e, aí sim, morre”.
Em pastejos rotacionados, de Tanzânia, Valéria indica que o resíduo esteja à altura de 35 centímetros para aguentar bem uma carga maior, o que não impede que com 25 centímetros o produtor comece a trabalhar com menos cabeças no pasto. Já para o Mombaça, ela afirma que o ideal são 45 centímetros, sendo viável, em situações de carência de pasto, manejá-lo à altura média de 35 centímetros, sem que isso cause prejuízos à planta.
Verifique os níveis de NPK do solo - Por meio de uma análise de solo, Valéria lembra ainda que é importante equilibrar os principais nutrientes para manter a qualidade do capim.
“No Cerrado, temos muito problema com fósforo, então, é comum o produtor precisar fazer uma adubação fosfatada, o que depende também de quantos animais ele tinha no ano anterior”. Segundo ela, como o fósforo não é volátil, como o nitrogênio, torna-se desnecessário esperar as chuvas para fazer a aplicação. “Ele se incorpora ao solo, então é possível fazer um pouco antes”, afirma a pesquisadora.
Já para o nitrogênio, no Cerrado, as aplicações devem começar em meados de abril. “O nitrogênio é essencial e vai dar força para o capim crescer. Hoje, o mínimo indicado é usar 50 kg/ha”, diz Valéria.
Previna o aparecimento de pragas - Um dos maiores problemas da pecuária nacional, as cigarrinhas-das-pastagens começam a surgir assim que começam as chuvas. Para evitar sua proliferação, Valéria recomenda que o produtor não deixe acumular muita forragem no solo. “Essa é a medida mais imediata além de usar forrageiras resistentes, porque o controle químico, além de ser caro, gera um problema ambiental”, diz.
“De forma geral, a ideia é que nesse período de transição o produtor use o bom senso. Leve os animais para um pasto que está melhor, e deixe descansar aquelas áreas que mais precisam”, completa a pesquisadora.
Fonte: Marina Salles - Portal DBO