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Com registros de surtos em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e, principalmente, na região oeste do Estado de São Paulo, a mosca-dos-estábulos tornou-se um problema para pecuaristas com fazendas próximas a usinas de cana. Favorecidas pelo acúmulo de vinhaça na palhada da lavoura, elas se proliferam em meio à matéria orgânica e atacam os rebanhos.
Com o intuito de desenvolver estudos para intensificação do controle da mosca em propriedades rurais paulistas, um grupo de discussão foi criado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo em agosto. De lá para cá foram levantadas medidas profiláticas e, agora, em uma segunda etapa dos trabalhos, o objetivo é encontrar alternativas de controle.
Na última quinta-feira, 20, foi realizada uma reunião no Instituto Biológico, em São Paulo, para discutir o tema e apresentar projetos de pesquisa. De acordo com José Luiz Fontes, dirigente da Assessoria Técnica da Secretaria, a questão precisa ser bem estudada. “Um passo importante é monitorar as áreas para estudar os focos e analisar a evolução dos surtos. Hoje, nós sabemos que em locais onde é jogado esterco ou efluentes dos estábulos, muitas vezes, a população da mosca se mantém, ainda que sem a presença da vinhaça”, diz.
Em maio deste ano, o Portal DBO já havia levantado junto ao pesquisador Paulo Henrique Cançado, da Embrapa Gado de Corte, algumas das principais linhas de pesquisa na área. Entre elas estão: ácaros que parasitam a larva da mosca, estudados na própria Embrapa em parceria com outras instituições; fungos que foram testados como forma de controle das larvas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; e um possível controle com veneno de serpente, analisado pela Universidade Católica Dom Bosco em parceria com a Embrapa Gado de Corte.
“Diante do cenário que temos acompanhado, é mesmo mais factível que algum produto biológico venha a ser utilizado. As pesquisas nos indicam que são muito promissores”, afirma Fontes. Até o final do ano, ele acredita ser possível apontar para um ou outro produto com que se possa trabalhar, sendo necessária uma janela de tempo maior para recomendá-los aos produtores. “Por enquanto, não temos nenhum produto que possamos indicar, e que seja eficaz”, frisa o dirigente técnico.
Fazem parte do grupo de estudos técnicos da Secretaria da Agricultura e convidados da Cetesb, universidades e entidades representativas do setor canavieiro.
Queima da palha da cana - Em setembro, uma resolução conjunta das secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura de São Paulo autorizou a queima controlada da palha de cana-de-açúcar no pós-colheita para controlar focos de moscas-dos-estábulos no Estado. De acordo com Fontes, as autorizações são concedidas em casos emergenciais, quando é verificado dano à pecuária ou à população local.
“Até agora, não foi concedida nenhuma autorização. Na semana passada, uma usina demonstrou interesse e nos próximos dias deve ser feito o laudo para verificar se é realmente necessário adotar esse procedimento”, afirmou.
As principais condutas indicadas para produtores e usineiros podem ser conferidas clicando aqui.