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Desde o final de 2011, o MilkPoint pergunta aos seus leitores qual é o maior desafio para a produção leiteira no próximo ano. A pesquisa é baseada em um trabalho realizado anualmente pela entidade Australian Dairy Farmers, que avalia a percepção dos produtores australianos a respeito dos principais desafios da atividade. A intenção é realizá-la anualmente e avaliar as mudanças ao longo do tempo.
A pesquisa do MilkPoint deste ano foi realizada em janeiro, colhendo respostas de todas as regiões do Brasil, com a participação de produtores de leite, profissionais da área industrial, consultores, médicos veterinários, zootecnistas e outros agentes atuantes no setor, oferecendo uma fotografia da percepção a respeito do que se espera do setor neste ano de 2017. Por julgar importante, neste ano a Equipe MilkPoint adicionou um novo tópico na pesquisa: “consumo/baixo crescimento econômico”.
Em 2017, com 40% dos votos, o custo de produção foi apontado como o fator de maior preocupação para o setor lácteo. Em todas as pesquisas anteriores, esse item também foi o mais apontado pelos participantes. Pressionando as margens, em 2016, o concentrado foi o item da dieta que mais se valorizou devido a menor oferta de grãos. Já para 2017, a perspectiva é que os preços mais baixos do milho e da soja estimulem o investimento pelos pecuaristas. O menor custo dos grãos também deve permitir uma "recomposição de margens" pelos produtores.
Na pesquisa anterior, a opção importações de produtos lácteos não havia recebido nenhum voto. Neste ano, ficou com 7,1% (em 5º lugar) já que no ano passado, as importações brasileiras cresceram 72,7% em equivalente leite comparado a 2015, se tornando uma ameaça para o setor na visão de alguns produtores de leite. A tendência é que as importações de lácteos percam força e uma das principais razões é que os preços internacionais devem desestimular as compras no exterior este ano. Assim como 2016, a opção adequação ambiental não teve nenhum voto.
O preço do leite ficou em segundo lugar, com 17% dos votos, exatamente a mesma porcentagem que na pesquisa antecedente. As baixas margens de 2015 influenciaram a produção nas principais bacias, reduzindo a oferta e aquecendo os preços ao produtor em boa parte do ano. Os estoques das indústrias diminuíram e impulsionaram valores a patamares recordes, fato que também estimulou as importações. A partir de agosto, houve queda nos preços ao produtor impulsionada pelo menor consumo dos produtos lácteos (resultado dos preços elevados ao consumidor) e também, das já citadas importações.
A nova opção proposta pelo MilkPoint neste ano – “consumo e baixo crescimento econômico” foi o item de maior preocupação para 14,3% dos participantes (3º lugar). A perda de confiança na classe política, o desemprego e a queda na renda dos consumidores comprometeu as projeções futuras, além de influenciar o consumo dos lácteos e a demanda doméstica. Clima, mão de obra, adequação da qualidade do leite e outros itens receberam 8,9%, 5,4%, 1,8% e 5,4%, respectivamente.
Gráfico 1: Qual será o maior desafio para a produção leiteira em 2017? Fonte: MilkPoint.
A tabela abaixo apresenta as respostas agrupadas dos produtores de leite pelos seus respectivos perfis de produção.
Tabela 1: Respostas dos produtores por estrato produtivo. Fonte: MilkPoint.
Pela tabela, é possível notar que a preocupação com o preço do leite afeta atualmente todos os estratos produtivos, diferente das pesquisas anteriores, quando esse item era citado majoritariamente por produtores de menor escala (até 1000 litros/dia). Estes últimos, também se mostraram mais preocupados com o clima e com a adequação da qualidade do leite quando comparados às outras classes.
Quanto maior a produção de leite por dia, maior a preocupação com as importações dos produtos lácteos. O consumo e o baixo crescimento econômico foram citados por todas as classes produtivas, assim como, os custos de produção.
Participaram da pesquisa deste ano 112 pessoas, originárias de 13 estados do Brasil.